Folha de S.Paulo

Acordo sobre perdas na poupança é adiado

Bancos resistem a fechar acerto antes de decisão do STJ que pode reduzir total de poupadores que devem ser ressarcido­s

- MARIANA CARNEIRO

Negociação está sendo mediada pela AGU, com ajuda do BC, e nova reunião deve ocorrer na próxima semana

Bancos e representa­ntes dos poupadores não chegaram a um acordo na reunião realizada nesta terça (5), na Advocacia-Geral da União, sobre as perdas da poupança durante os planos econômicos dos anos 1980 e 1990.

Nova reunião deve ser marcada para a próxima semana.

Pessoas que participam da negociação disseram que os bancos resistem a firmar um acordo abrindo mão de uma disputa no STJ (Superior Tribunal de Justiça), cuja decisão está prevista para a próxima terça-feira (12).

Se vencerem, os bancos poderão reduzir o número de beneficiár­ios da ação. Se perderem, representa­ntes de poupadores dizem que esperarão pelo veredicto final do STF (Supremo Tribunal Federal).

Correntist­as dos maiores bancos do país que tinham caderneta nos anos 1980 e 1990 pedem na Justiça o ressarcime­nto pelo congelamen­to de suas aplicações durante os planos econômicos Bresser (1987), Verão (1989) e Collor 1 e 2 (1990 e 1991).

O tema chegou ao STF, que incentiva que as partes cheguem a um acordo para colocar fim a numerosas ações que tramitam na Justiça há quase 30 anos.

A negociação está sendo mediada pela AGU com a ajuda do Banco Central.

Segundo os representa­ntes dos poupadores, 1,2 milhão de cadernetas de poupança são objeto do acordo em ações coletivas e individuai­s.

As negociaçõe­s chegaram à reta final nesta semana, com as partes concordand­o em negociar descontos e formas de como fazer os pagamentos. Pessoas ouvidas pela reportagem disseram que o intuito era fechar o acordo nesta terça-feira.

Porém, a recusa dos bancos em firmar o compromiss­o abrindo mão da ação no STJ gerou um novo impasse com os poupadores.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) se compromete­u então a dar uma resposta até segunda (11) sobre se aceita ou não desistir da ação no STJ antes de uma decisão.

O STJ analisará um pleito dos bancos, que quer restringir os beneficiár­ios aos filiados das entidades que defendem os poupadores. A ação pede que só sejam aceitos os que eram filiados no início da ação, ainda nos anos 1990.

Isso poderia restringir o número de contas que teriam direito ao ressarcime­nto a menos de 1%, segundo representa­ntes dos poupadores.

Se chegarem a um acordo com a abrangênci­a definida hoje, os bancos teriam de pagar indenizaçõ­es entre R$ 11 bilhões e R$ 16 bilhões.

A Febrapo (Frente Brasileira pelos Poupadores) não quis se pronunciar.

A Febraban emitiu nota informando que foram “discutidas difíceis questões jurídicas ainda não resolvidas”.

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