Folha de S.Paulo

MC Paulão, funkeiro que deixou todos malucos

- FERNANDA PEREIRA NEVES

Quando o grito de guerra “Ah! Eu tô maluco” tomou os estádios de futebol do país, nos anos 1990, todos queriam saber de onde ele vinha. Os mais alarmistas pensaram em apologias variadas antes de jornais mostrarem que veio mesmo é do funk, na verdade, dos palcos do MC Paulão.

Colecionad­or de jargões, Paulo Henrique Barreiros de Oliveira usava o famoso grito ao chamar os marmanjos da plateia para rebolar ao lado de suas dançarinas. A euforia tomava conta e logo ele não era o único maluco no lugar, todos ficavam malucos.

Nascido e criado no morro do Tabajara, em Copacabana, Paulão começou cedo com a música. Primeiro foram as rodas de breakdance que formava em praças e estações de trem no centro da capital fluminense, mas depois acabou migrando para para o funk. O grande empurrão pa- ra sua carreira veio com o convite de MC Marlboro para participar de uma coletânea.

O jargão maluco virou sucesso, com remix e versão internacio­nal. Paulão e seu Movimento Funk Clube, formado nos anos 1990, dançaram no palco da Xuxa e estrelaram “Lua de Cristal”. Em Fortaleza, chegaram a reunir uma multidão no aeroporto —me senti Michael Jackson, contava aos amigos ainda hoje.

“Paulão foi percursor. Criou esse funk com dançarinas no palco e abriu espaço para o funk na TV, no cinema”, conta o produtor e amigo Vinícius.

A alegria e os jargões estavam nas músicas e em casa. O “Vambora” de todas as manhãs soou pela última vez na sexta (1º), quando Paulão morreu, aos 49, após

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