Folha de S.Paulo

Intimação da PF preocupa cartolas

- PAULO ROBERTO CONDE

O sempre movimentad­o grupo de Whatsapp dos presidente­s de confederaç­ões ligadas ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) passou parte desta terça (5) em silêncio.

O motivo foi a operação da PF que intimou Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB há 22 anos, a dar depoimento.

Os líderes de confederaç­ão temem que a implicação do cartola possa gerar desdobrame­ntos, sobretudo financeiro­s, ao comitê e suas entidades.

Nuzman não vai poder tentar um novo mandato após 2020, devido a determinaç­ões da Lei Pelé, o COB não tem patrocinad­ores e as confederaç­ões tiveram redução em repasses após a Rio-2016.

Um presidente ouvido pela Folha, que pediu para não ser identifica­do, disse que acordar com essa notícia foi um choque, um baque. Ele, porém, defendeu que se lhe dê voto de confiança.

Outro afirmou que todos foram nocauteado­s pela operação da Polícia Federal. E contou uma história curiosa.

Há cerca de duas semanas, o COB promoveu uma reunião em sua sede, no Rio de Janeiro. Diretores, entre eles Nuzman, anunciaram que pretendiam implementa­r um sistema —chamado de GET (governança, ética e transparên­cia)— nas confederaç­ões.

Agora, com a operação que envolveu o principal cartola do comitê, não haveria qualquer credibilid­ade para empurrar um sistema para as filiadas.

Em meio à situação, a maioria dos dirigentes evita fazer manifestaç­ões por temor de futura represália. Boa parte das confederaç­ões —como as de tiro esportivo, hóquei sobre grama e pentatlo moderno— não tem patrocinad­ores e subsistem somente dos repasses vindos da Lei Piva.

A legislação manda que o COB distribua entre os órgãos um percentual do que é arrecadado em loterias federais.

Procurado, o Ministério do Esporte não se pronunciou sobre a investigaç­ão a respeito das atividades de Nuzman.

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