Água não nasce na torneira
O mundo acompanhou a tragédia que a tempestade tropical Harvey provocou na cidade de Houston, nos Estados Unidos. O desastre foi tamanho que as autoridades americanas adicionaram um novo grau de precipitação de chuva, obrigando todos nós a refletir sobre as lições deste evento extremo.
No Brasil, estamos acostumados a um noticiário que revela cotidianamente desastres naturais causados por chuvas muito intensas em espaço curto de tempo, colocando grandes contingentes populacionais sob riscos de enchentes e deslizamentos.
Recentemente, eventos climáticos extremos atingiram a região Sul do país, incluindo um tornado em Francisco Beltrão (PR).
O Nordeste, por sua vez, vive uma seca prolongada. Uma reportagem desta Folha aponta que um em cada cinco municípios brasileiros está em situação de emergência ou calamidade pública reconhecida pelo governo federal. A grande maioria por conta da estiagem.
A população paulista enfrentou, pela primeira vez nos últimos anos, a sua maior crise hídrica, desmentindo a ideia de que o Brasil, por ser um dos maiores detentores de água doce do planeta, poderia dispensar uma competente gestão de suas riquezas naturais.
Muito pelo contrário, teremos cada vez mais que nos capacitar para mediar conflitos relacionados ao uso de água, de modo a garantir equidade entre os vários usuários e assegurar a disponibilidade desse recurso para as futuras gerações.
Depois de uma longa negociação envolvendo vários atores estratégicos, a Agência Nacional de Águas (ANA), em conjunto com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), concedeu à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a renovação da outorga de uso da água para o Sistema Cantareira.
Isso permitirá pactuar regras importantes de compartilhamento de um recurso escasso e essencial para os milhões de brasileiros que dele dependem nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas.
Apenas um esclarecimento: a outorga é um dos principais instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, conforme estabelecido na Constituição Federal de 1988, da qual participamos como deputados constituintes.
Dentre as regras principais desta outorga, torna-se importante assinalar uma inovação que tende a ser replicada em outras situações similares: a incumbência da Sabesp em se engajar em iniciativas, como os programas Produtor de Água, da ANA, e Nascentes, do governo de São Paulo, com a finalidade de “reduzir a erosão e o assoreamento, melhorar a captação e infiltração da chuva, de modo a propiciar a melhoria da qualidade de água neste sistema, prevendo monitoramento para aferição das metas”.
De modo pioneiro no Brasil, uma empresa de água e saneamento passa a participar obrigatoriamente dos cuidados necessários ao bom uso do entorno de seus reservatórios, na premissa de que a disponibilidade e qualidade de suas águas dependem da integridade ambiental desse território.
Vários significados surgem dessa novidade, como o entendimento de que o modelo de negócio da Sabesp e demais entidades precisa incorporar medidas de curto e longo prazo que garantam a sua matériaprima. Especialmente neste momento em que a sociedade enfrenta dificuldades em coibir invasões e ocupações nos mananciais das grandes cidades brasileiras.
Recordando sempre que a água não nasce na torneira, Brasil e São Paulo dão esse passo importante e sinalizam que estão dispostos a levar a sério os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Notadamente o objetivo número 6 dessa lista: “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável de água e saneamento para todos”. GERALDO ALCKMIN JOSÉ SARNEY FILHO
O que mais me espanta é a esquerda depender, como alternativa ou continuidade de poder, da imagem de um único indivíduo, de um “salvador” dos pobres. Isso apenas reforça a fragilidade do seu discurso e a desconexão entre a sua agenda e a realidade. Agora, definitivamente, o seu salvador está morto.
PEDRO FERREL
O ex-presidente tem razão quando diz que a senha é seu nome. De contradição em contradição, os delatores que não aguentam mais ficar presos se rendem à senha da sua liberdade: Lula.
PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS
Malas de dinheiro Causa-me inquietação saber a origem física dos mais de R$ 50 milhões em “grana viva” encontrados em Salvador. Onde há tanto “cash” disponível? Haveria uma caixa-forte do Tio Patinhas escondida por aí (“PF encontra R$ 51 milhões em ‘bunker’ que seria ligado a Geddel”, “Poder”, 6/9)?
RUBEM P. HOFFMANN JUNIOR
Após se tornarem públicas a apreensão de R$ 51 milhões em apartamento de amigo de Geddel e as revelações feitas pelos novos áudios envolvendo Joesley Batista, a pergunta que não quer calar é a seguinte: quando esses cidadãos irão para a cadeia?
CARLOS C. BALARÓ, (Bragança Paulista, SP)
Colunistas É lamentável a coluna de Hélio Schwartsman (“Existe uma cultura do estupro?”, “Opinião”, 6/9). Cito o exemplo usado como “frase ambígua”: aceitar que uma mulher que usa roupas sumárias tem mais probabilidade de ser estuprada é retroalimentar essa cultura. O colunista deveria no mínimo ler o jornal para o qual escreve, em que já foram divulgadas várias pesquisas que mostram que a maioria dos estupros acontece dentro da casa da vítima, por alguém de confiança da família. A “provocação” feminina não entra nessa conta. O colunista poderia se informar minimamente para emitir uma opinião. Caso contrário, é “achismo”.
SANDRO SILVA
Metrô de São Paulo A Folha trata como “vazia” a linha 5 do Metrô, que passará a transportar 330 mil pessoas por dia com a inauguração das novas estações Brooklin, Borba Gato e Boa Vista (“Atrasado, Alckmin entrega três estações de linha ‘vazia’”, “Cotidiano”, 6/9). Também exclui do total de pessoas beneficiadas pelo metrô os 700 mil usuários da linha 4, sob a bizarra alegação de que a operação é feita pela iniciativa privada. Felizmente, não têm os preconceitos que a Folha tem os paulistanos que, pela terceira vez seguida, conferiram ao metrô o título de melhor transporte, segundo o próprio jornal.
EUZI DOGNANI,