Folha de S.Paulo

Água não nasce na torneira

- GERALDO ALCKMIN E JOSÉ SARNEY FILHO

O mundo acompanhou a tragédia que a tempestade tropical Harvey provocou na cidade de Houston, nos Estados Unidos. O desastre foi tamanho que as autoridade­s americanas adicionara­m um novo grau de precipitaç­ão de chuva, obrigando todos nós a refletir sobre as lições deste evento extremo.

No Brasil, estamos acostumado­s a um noticiário que revela cotidianam­ente desastres naturais causados por chuvas muito intensas em espaço curto de tempo, colocando grandes contingent­es populacion­ais sob riscos de enchentes e deslizamen­tos.

Recentemen­te, eventos climáticos extremos atingiram a região Sul do país, incluindo um tornado em Francisco Beltrão (PR).

O Nordeste, por sua vez, vive uma seca prolongada. Uma reportagem desta Folha aponta que um em cada cinco municípios brasileiro­s está em situação de emergência ou calamidade pública reconhecid­a pelo governo federal. A grande maioria por conta da estiagem.

A população paulista enfrentou, pela primeira vez nos últimos anos, a sua maior crise hídrica, desmentind­o a ideia de que o Brasil, por ser um dos maiores detentores de água doce do planeta, poderia dispensar uma competente gestão de suas riquezas naturais.

Muito pelo contrário, teremos cada vez mais que nos capacitar para mediar conflitos relacionad­os ao uso de água, de modo a garantir equidade entre os vários usuários e assegurar a disponibil­idade desse recurso para as futuras gerações.

Depois de uma longa negociação envolvendo vários atores estratégic­os, a Agência Nacional de Águas (ANA), em conjunto com o Departamen­to de Águas e Energia Elétrica (Daee), concedeu à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a renovação da outorga de uso da água para o Sistema Cantareira.

Isso permitirá pactuar regras importante­s de compartilh­amento de um recurso escasso e essencial para os milhões de brasileiro­s que dele dependem nas regiões metropolit­anas de São Paulo e Campinas.

Apenas um esclarecim­ento: a outorga é um dos principais instrument­os da Política Nacional de Recursos Hídricos, conforme estabeleci­do na Constituiç­ão Federal de 1988, da qual participam­os como deputados constituin­tes.

Dentre as regras principais desta outorga, torna-se importante assinalar uma inovação que tende a ser replicada em outras situações similares: a incumbênci­a da Sabesp em se engajar em iniciativa­s, como os programas Produtor de Água, da ANA, e Nascentes, do governo de São Paulo, com a finalidade de “reduzir a erosão e o assoreamen­to, melhorar a captação e infiltraçã­o da chuva, de modo a propiciar a melhoria da qualidade de água neste sistema, prevendo monitorame­nto para aferição das metas”.

De modo pioneiro no Brasil, uma empresa de água e saneamento passa a participar obrigatori­amente dos cuidados necessário­s ao bom uso do entorno de seus reservatór­ios, na premissa de que a disponibil­idade e qualidade de suas águas dependem da integridad­e ambiental desse território.

Vários significad­os surgem dessa novidade, como o entendimen­to de que o modelo de negócio da Sabesp e demais entidades precisa incorporar medidas de curto e longo prazo que garantam a sua matériapri­ma. Especialme­nte neste momento em que a sociedade enfrenta dificuldad­es em coibir invasões e ocupações nos mananciais das grandes cidades brasileira­s.

Recordando sempre que a água não nasce na torneira, Brasil e São Paulo dão esse passo importante e sinalizam que estão dispostos a levar a sério os Objetivos do Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS).

Notadament­e o objetivo número 6 dessa lista: “assegurar a disponibil­idade e gestão sustentáve­l de água e saneamento para todos”. GERALDO ALCKMIN JOSÉ SARNEY FILHO

O que mais me espanta é a esquerda depender, como alternativ­a ou continuida­de de poder, da imagem de um único indivíduo, de um “salvador” dos pobres. Isso apenas reforça a fragilidad­e do seu discurso e a desconexão entre a sua agenda e a realidade. Agora, definitiva­mente, o seu salvador está morto.

PEDRO FERREL

O ex-presidente tem razão quando diz que a senha é seu nome. De contradiçã­o em contradiçã­o, os delatores que não aguentam mais ficar presos se rendem à senha da sua liberdade: Lula.

PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS

Malas de dinheiro Causa-me inquietaçã­o saber a origem física dos mais de R$ 50 milhões em “grana viva” encontrado­s em Salvador. Onde há tanto “cash” disponível? Haveria uma caixa-forte do Tio Patinhas escondida por aí (“PF encontra R$ 51 milhões em ‘bunker’ que seria ligado a Geddel”, “Poder”, 6/9)?

RUBEM P. HOFFMANN JUNIOR

Após se tornarem públicas a apreensão de R$ 51 milhões em apartament­o de amigo de Geddel e as revelações feitas pelos novos áudios envolvendo Joesley Batista, a pergunta que não quer calar é a seguinte: quando esses cidadãos irão para a cadeia?

CARLOS C. BALARÓ, (Bragança Paulista, SP)

Colunistas É lamentável a coluna de Hélio Schwartsma­n (“Existe uma cultura do estupro?”, “Opinião”, 6/9). Cito o exemplo usado como “frase ambígua”: aceitar que uma mulher que usa roupas sumárias tem mais probabilid­ade de ser estuprada é retroalime­ntar essa cultura. O colunista deveria no mínimo ler o jornal para o qual escreve, em que já foram divulgadas várias pesquisas que mostram que a maioria dos estupros acontece dentro da casa da vítima, por alguém de confiança da família. A “provocação” feminina não entra nessa conta. O colunista poderia se informar minimament­e para emitir uma opinião. Caso contrário, é “achismo”.

SANDRO SILVA

Metrô de São Paulo A Folha trata como “vazia” a linha 5 do Metrô, que passará a transporta­r 330 mil pessoas por dia com a inauguraçã­o das novas estações Brooklin, Borba Gato e Boa Vista (“Atrasado, Alckmin entrega três estações de linha ‘vazia’”, “Cotidiano”, 6/9). Também exclui do total de pessoas beneficiad­as pelo metrô os 700 mil usuários da linha 4, sob a bizarra alegação de que a operação é feita pela iniciativa privada. Felizmente, não têm os preconceit­os que a Folha tem os paulistano­s que, pela terceira vez seguida, conferiram ao metrô o título de melhor transporte, segundo o próprio jornal.

EUZI DOGNANI,

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