[inaudível]
Não é de 15 em 15 dias?
[...] Conversou ali em cima que você precisa de ver, você não acredita. Que a Odebrecht queria dar pra ele... Precisa me ajudar a defender isso, cara. ‘A Odebrecht queria me dar’. Eu falei para ele: ‘Ciro, tenta receber da gente aqui’. A Odebrecht queria dar para ele 40 milhões lá fora. Fez toda a papelada, tal, a Odebrecht achando que ele iria roubar, ele não roubou, ele não aceitou, tal. Pegou a mala, fui lá, pus, eu falei: ‘Ó, leva aí a roupa da minha irmã’. ‘Muito obrigado, e tal’. Passar o final de semana. [...]
Eu fiz um serviço tão bem feito ali com ele. [...] Ele não queria levar o dinheiro.
Por quê? [Ele disse] ‘Não, deixa aí com vocês, eu prefiro tal’. Eu falei: ‘Olha, Ciro, agora você leva. Tá aqui os 500, você leva, e dali a gente se encontra, faz essa parte e você pega’. [...] Ele falou ‘não, acertei com uma conta corrente. Deixa aí’. Eu falei: ‘Não, ué’. ‘Esse carro é meu’. ‘Então põe aí’. Eu pus. E ele falou: ‘Vou te apresentar meu irmão, Ricardo, que só você que é da minha confiança e meu irmão. Pronto, vocês dois. De 15 em 15 dias?’ Pode. Eu falei: ‘Não, vamos fazer o seguinte, vamos fazer nós dois mesmos que nós vamos para a putaria e tal’. Então vamos nós dois mesmo.
Eu sempre digo isso [interrupção].
Falou da Odebrecht, que a Odebrecht queria que ele roubasse um dinheiro. ‘Nós vamos ter que... aquele negócio do Cade lá de novo. A gente tem que te pagar alguma coisa’. [Ele respondeu] ‘Não’. ‘Esse negócio é meu e do Joesley, nós fizemos um negócio aí por fora, tal, não preocupa com isso, não, isso aí não vou cobrar de jeito nenhum. Ó, você sabe que a gente nunca deixou de te pagar nada’. [Falando para Joesley] Cara, nós temos que fazer isso, [interrupção] conversar com o Janot rápido essa reunião para ver [interrupção] o Ministério Público vai continuar a desconfiar de nós. [...] Saud e Joesley conversam sobre valores repassados a partidos, como PT e PRB. Comentam a delação do Sérgio Machado e a repercussão, como a crítica de Renan Calheiros. E a postura do corretor de valores Lúcio Funaro, de até então não ter falado nada.
Você falou que eu te devo uma? [perguntando a Saud]
Ah é. Hoje eu tava fazendo a soma toda lá no Guarujá, sabendo que ocê tava pagando dinheiro pro PT. Você viu quanto eu economizei pro cê, seu..?
Eu vi. Eu vi. Tá novinho, né? [...]
Agora que cê entendeu o que rolava, né?
O povo falava pra mim, eu até imaginava, mas não queria entender porque senão os caras...
É. É melhor não entender.
Os caras metiam a faca em mim, eu dizia: Não, não quero falar com ele, não. ‘Não mandaram procurar o Joesley, mandaram te procurar, problema nenhum. Esse dinheiro não é seu não, Ricardo, para de segurar isso, não é seu não. Você está nos roubando, esse dinheiro é do PT’ .... E hoje eu estava fazendo as contas lá. Então quer dizer que 39 milhões, lá? Eu mereço pelo menos 10%, né?
Que que é esses 39? Eu ficava puto com os caras, me roubavam, esses caras. Estão roubando todo mundo. Nesse dia o ‘coisa’ escreveu lá: Joesley disse que pagou a Marcos Pereira, do PRB, propina de R$ 6 milhões referente à liberação de um empréstimo de R$ 2,7 bilhões na Caixa. O PRB havia indicado um vice-presidente do banco, e ficaram programados pagamentos mensais no valor de R$ 500 mil no início de 2016 Wesley disse que pagou mensalmente R$ 350 mil desde 2010 a uma empresa ligada a Kassab por contratos superfaturados de aluguel de caminhões. O valor totalizaria quase R$ 30 milhões Wesley afirmou em delação que a companhia fez durante anos pagamentos mensais a auditores agropecuários encarregados de fiscalizar suas unidades de produção. Os fiscais recebiam entre R$ 1.000 e R$ 20 mil paratrabalharem fora de seu expediente normal e atendiam pedidos para “flexibilizar” a aplicação das normas sanitárias Em seu acordo de delação, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado apontou mais de 20 políticos dos principais partidos brasileiros de receber propinas provenientes de desvios na subsidiária da Petrobras, como PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PSB. Entre eles, o presidente do Senado Renan Calheiros Os executivos da JBS tiveram como “premiação”, nos termos da PGR, o “não oferecimento de denúncia” contra eles. Nenhum dos colaboradores foi condenado pelos crimes que narrou