Folha de S.Paulo

Polícia acha digitais de Geddel em ‘bunker’

- CAMILA MATTOSO

A Polícia Federal encontrou digitais do ex-ministro Geddel Vieira Lima no “bunker” que escondia R$ 51 milhões em dinheiro em espécie, em Salvador.

Na busca e apreensão realizada no local, ainda foram identifica­das digitais de uma pessoa ligada ao político, segundo apuração da Folha.

A operação, batizada de Tesouro Perdido, ocorreu na última terça-feira (5), com autorizaçã­o do juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília.

A polícia apresentou na quarta um relatório contando tudo o que encontrou na busca e apreensão.

O documentou foi entregue ao juiz e depois foi para o Ministério Público Federal, onde está até o momento.

A Tesouro Perdido é um desdobrame­nto da Operação Cui Bono, que investiga fraudes cometidas na liberação e empréstimo­s de recursos da Caixa Econômica Federal.

O ex-ministro ocupou uma das vice-presidênci­as do banco, a de Pessoa Jurídica, entre 2011 e 2013.

Segundo explicou a polícia ao pedir a busca e apreensão, uma denúncia feita em julho alertava que a residência em um prédio da capital baiana estaria sendo utilizada por Geddel para guardar documentos.

A expectativ­a é de que haja novas solicitaçõ­es de diligência­s ainda nesta semana.

A polícia investiga se o dinheiro encontrado no local veio de desvios do banco.

O operador financeiro Lucio Funaro, preso desde julho do ano passado e também alvo da Cui Bono, afirmou em depoimento à PF em junho ter pago em espécie a Geddel um total de R$ 20 milhões por “operações” na Caixa.

O montante de R$ 51 milhões, em notas de reais e dólares, surpreende­u os investigad­ores, que tinham a expectativ­a de achar um total de R$ 15 milhões.

Quase 48 horas após a operação, o advogado de Geddel, Gamil Föppel, não se pronunciou sobre a apreensão, não atende ligações nem responde mensagens enviadas pela reportagem.

Antes, o ex-ministro vinha negando irregulari­dades e dizendo que provaria que é inocente de todas as acusações que está sofrendo desde o fim do ano passado. APARTAMENT­O Cabral da Silveira afirmou em depoimento à Polícia Federal que emprestou ao ex-ministro o apartament­o em que foi encontrado o dinheiro.

À PF o empresário informou que o imóvel foi solicitado sob alegação de que Geddel pretendia guardar pertences do pai, o ex-deputado federal Afrísio Vieira Lima, morto no ano passado.

Ele também informou à polícia que Geddel seria um “conhecido” seu e que, por isso, emprestou. Não houve contrato de aluguel ou de empréstimo do imóvel.

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