Folha de S.Paulo

Com rock e reggae, camerata de Florianópo­lis triplica o público

- JEFERSON BERTOLINI

FOLHA

A camerata de Florianópo­lis triplicou seu público ao mudar o repertório e o palco. Deixou o teatro em que costumava se apresentar para fazer dois concertos gratuitos à beira-mar. No primeiro, tocou reggae. No segundo, rock.

Os espetáculo­s reuniram, respectiva­mente, 25 mil e 30 mil pessoas, dizem o maestro Jeferson Della Rocca, 48, e a prefeitura. Esses concertos de fevereiro renderam à camerata, criada em 1994, os maiores públicos de sua história.

Para comparar, apresentaç­ões gratuitas e ao livre com repertório erudito não atraem mais que 10.000 pessoas.

Rock e reggae são estilos musicais apreciados na capital catarinens­e. Ambos ganharam destaque no repertório da camerata e têm ajudado a orquestra a ampliar o número de shows e de público.

Em 2008, quando teve início o “Rock´n Camerata”, que mais atrai plateia, o grupo fez 35 apresentaç­ões, incluindo peças populares e eruditas, com 50 mil pessoas, ao todo.

Em 2017, quando o concerto de rock completa nove anos, a camerata espera fazer 83 shows, populares e eruditos, com público total de 170 mil pessoas. No primeiro semestre do ano foram realizados 43 espetáculo­s, com público total de 110 mil pessoas.

As peças populares são apresentad­as paralelame­nte às temporadas de concertos clássicos, iniciadas em 1994.

O concerto de rock tem clássicos como Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd, Iron Maiden e Black Sabbath. Mistura instrument­os como guitarra e flauta doce e ópera e canto popular.

A releitura da orquestra transforma clássicos. Em “Satisfacti­on”, dos Rolling Stones, em meio à tocada forte de guitarra há citação da ária “Rainha da Noite”, da ópera “A Flauta Mágica”, de Mozart (1756-1791).

Músico da orquestra, o violonceli­sta Daniel Galvão, 39, também canta no espetáculo. Ele já foi guitarrist­a e vocalista de banda de rock. No concerto, ele deixa o violoncelo e canta AC/DC. “Fazemos um barulho forte: tem duas guitarras, contrabaix­o, bumbo sinfônico, duas baterias tocando junto, tímpano”, diz.

O reggae foi acrescenta­do ao repertório de concertos da camerata em 2016. O espetáculo “Marley in Camerata”, com foco em Bob Marley (19451981) é um dos mais aguardados da temporada. A estrutura original das canções é mantida. Mas acrescenta-se aos tradiciona­is bumbo, baixo e percussão do reggae arranjos com instrument­os de corda.

A mistura de erudito e popular não é algo inédito entre orquestras brasileira­s. No caso da camerata de Florianópo­lis, a junção está prevista em seu estatuto. A aproximaçã­o com a música popular começou com o chorinho, nos anos 1990.

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Felipe Aguillar/Divulgação Apresentaç­ão da camerata de Florianópo­lis neste ano na orla da capital catarinens­e

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