Folha de S.Paulo

Funaro afirma que Temer recebeu milhões em propina

Segundo a revista ‘Veja’, empresário disse ter ouvido de Cunha narrativa sobre o envolvimen­to do presidente

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De acordo com a revista, corretor afirma que peemedebis­ta foi beneficiár­io de repasses dos grupos JBS e Bertin DE BRASÍLIA

O empresário Lúcio Bolonha Funaro afirmou ter ouvido do ex-deputado federal Eduardo Cunha que o presidente da República, Michel Temer, participav­a de um esquema de arrecadaçã­o de propina dentro do PMDB, segundo reportagem publicada na sexta (8) pela revista “Veja”.

A publicação relata que teve acesso ao roteiro detalhado com os temas da delação premiada que Funaro fechou com o Ministério Público.

De acordo com a revista, o delator afirmou que nunca conversou sobre valores diretament­e com Temer, uma vez que essa tarefa cabia a Cunha, mas garantiu que o presidente “sempre soube” dos esquemas ilícitos comandados pelo ex-deputado.

Funaro disse que “Cunha narrava as tratativas e as divisões [de propina] com Temer” e o presidente foi beneficiár­io de pelos menos dois repasses da “conta-propina” gerenciada por Cunha, um de R$ 7 milhões da empresa JBS e outro de R$ 1,5 milhão do grupo Bertin, informa a reportagem.

A delação ainda traz o relato de que Joesley Batista, sócio do grupo JBS, procurou Temer e outros membros do PMDB e avisou-os de que estava “cuidando do Lúcio e que a situação estava sob controle, requisitan­do favores e boa vontade em troca disso”, de acordo com a publicação.

Esse trecho da delação teria ligação com um acordo pelo qual Funaro receberia R$ 100 milhões de Batista para não revelar crimes.

Em nota, a assessoria de Temer afirma que “o que se tem visto e comprovado é que, na tentativa de celebrar acordo com autoridade­s para reduzir penas dos ilícitos que cometeram, os delatores dizem o que bem entendem. Neste caso, o delator citado [Funaro] registra que não teve contato com o presidente. Os seus relatos são de ‘ouvi dizer’”.

O defensor de Cunha, Délio Lins e Silva Júnior, nega as acusações de Funaro. O advogado da família Bertin, Roberto Podval, diz desconhece­r repasses ilegais do grupo para Temer ou Cunha. A assessoria da J&F Investimen- tos aponta que os colaborado­res da JBS não mentiram em depoimento­s à Procurador­ia e não é possível fornecer detalhes porque a documentaç­ão está sob sigilo.

Segundoa Folha apurou, o acordo de delação de Funaro prevê uma multa de R$ 45 milhões, dividida em dez vezes, e que ele permanecer­á preso até janeiro de 2017.

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Fátima Meira - 7.set.2017/Futura Press/Folhapress O presidente Michel Temer e a primeira-dama, Marcela, no desfile de 7 de Setembro

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