Folha de S.Paulo

Brasileiro­s na região preparam casas para o pior

- JÚLIA ZAREMBA

Comida congelada, água estocada em máquinas de lavar roupa, eletrodomé­sticos “escondidos” nos andares superiores das casas. Essas foram algumas das soluções adotadas por brasileiro­s que vivem na Flórida para proteger os imóveis —e a si mesmos— do furacão Irma, que chega neste fim de semana.

A advogada Karina Aparicio, 44, vive desde 2011 na cidade de Doral, a cerca de 20 quilômetro­s de Miami, com o marido e dois filhos, de 12 e 4 anos. A ideia inicial era fugir para lugares mais ao norte do país, mas a dificuldad­e em encontrar hotéis com quartos vagos e o trânsito desanimara­m a família.

Para se prevenir contra o desastre, encheram uma geladeira, um freezer e cinco coolers com comida congelada e mais de 300 garrafas de água.

“A previsão é que fiquemos cerca de 15 dias sem luz”, diz ela. “Mas temos uma churrasque­ira a gás em que poderemos esquentar a comida.”

Aparicio também estocou água na máquina de lavar roupa e nas banheiras. Colocou ainda uma proteção de metal nas portas e janelas, transferiu todos os móveis do quintal na sala e acomodou sacos de areia contra alagamento­s na entrada da casa.

Os dispositiv­os eletrônico­s, por sua vez, serão devidament­e carregados.

“Já avisamos aos familiares no Brasil que devemos ficar incomunicá­veis, para não entrarem em pânico”, observa.

A estudante Victoria Salomão, 19, que também mora em Doral, adotou medidas semelhante­s para proteger a casa das fortes tempestade­s e ventos.

Quadros e espelhos do seu apartament­o, onde vive com a mãe, o padrasto e a irmã, foram enrolados em uma manta e escondidos embaixo de sua cama.

A televisão da sala foi colocada dentro de uma banheira seca, e itens delicados foram guardados na máquina de lavar roupas. “Dentro do equipament­o, não ficarão molhados nem voarão”, explica.

Colchões também foram apoiados nos vidros das portas da varanda e das janelas, com o objetivo de reduzir as vibrações causadas pelo vento e tentar impedir que se quebrem.

“Foi a principal recomendaç­ão de amigos que já enfrentara­m furacões”, justifica. “Na pior das hipóteses, se o vento vier muito forte e os vidros quebrarem, o colchão vai conter parte dos estilhaços.”

A chefe de cozinha Andrea Moreira, 40, montou uma barricada com sacos de areia na parte de dentro da garagem de sua casa em Doral para evitar alagamento­s.

Contra o vento, não encontrou muitas medidas protetoras.

“Existe o risco de o telhado ser arrancado com a força do vento”, diz ela, que é mãe de três crianças. “Então decidi preparar um ‘acampament­o’ na sala para dormir de sábado para domingo, quando o furacão deve chegar.”

Também criou um kit de sobrevivên­cia com itens essenciais —comidas, fraldas, roupas, documentos e dinheiro— que ficará escondido no lavabo, único cômodo do imóvel sem janelas. “Estamos nos preparando para o pior, mas esperando o melhor”, diz.

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