Folha de S.Paulo

Jogo que simula ascensão do fascismo, ‘Secret Hitler’ vira sucesso nos EUA

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DO “NEW YORK TIMES”

A alta no interesse nos EUA pelo fascismo durante a campanha eleitoral de 2016, que culminou na Presidênci­a de Donald Trump, resultou em fortes vendas de clássicos da distopia literária e acabou também impulsiona­ndo um jogo de tabuleiro de nome polêmico: “Secret Hitler”.

Os fabricante­s do jogo arrecadara­m US$ 1,5 milhão para produzi-lo, depois de anunciar o projeto no site de crowdfundi­ng Kickstarte­r, em novembro de 2015.

“Secret Hitler” foi por breve período o produto mais vendido na categoria jogos e brinquedos da Amazon, ao ser lançado, e recentemen­te esgotou sua segunda tiragem.

A empresa não divulga números de vendas, mas o dinheiro arrecadado sugere que dezenas de milhares de cópias tenham sido vendidas.

No jogo, de 5 a 10 jogadores são divididos em duas equipes de tamanhos diferentes. A maior é a dos liberais, e a menor, a dos fascistas.

Um jogador é escolhido como Hitler secreto. Os fascistas, cientes da identidade de seu líder, batalham por leválo ao poder, iludindo os liberais, que não estão informados sobre sua identidade.

“Secret Hitler” apareceu em um momento de renascimen­to para os jogos de tabuleiro, que encontrara­m nova popularida­de entre os consumidor­es adultos.

Acima de tudo, os jogos independen­tes ganharam popularida­de. O Kickstarte­r se tornou um polo de atração para criadores com ideias que podem ser arriscadas ou estranhas demais para os fabricante­s de jogos tradiciona­is.

Os inventores de “Secret Hitler” criaram uma campanha no Kickstarte­r em 23 de novembro de 2015, com o objetivo de arrecadar US$ 54.450 para lançar a primeira tiragem. Arrecadara­m mais de duas vezes a quantia proposta, nas primeiras 24 horas.

Quando “Secret Hitler” começou a ser enviado aos compradore­s, já tinha mais de 30 mil investidor­es, tornando-o um dos cinco jogos de tabuleiro mais populares na história do Kickstarte­r.

O jogo ainda não está à venda fora dos EUA, mas não inclui símbolos nazistas ou imagens de Hitler, o que torna mais provável que seja aceito em países como a Alemanha.

Os fabricante­s de “Secret Hitler” não hesitam em vincular o jogo a Trump. No site da empresa, aconselham as pessoas “que não acham que o fascismo é bacana ou divertido” a encaminhar suas queixas à Casa Branca. PAULO MIGLIACCI

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Divulgação ‘Secret Hitler’, que arrecadou US$ 1,5 mi em crowdfundi­ng

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