Folha de S.Paulo

Para Fazenda, máquinas impulsiona­rão PIB

Equipe econômica vê reação no consumo de equipament­os e já fala em cresciment­o maior da economia em 2017

- BRUNO BOGHOSSIAN MARIANA CARNEIRO

Investimen­tos ainda recuam, mas dados são contaminad­os pela construção civil, que continua em retração

Cálculos feitos pelo Ministério da Fazenda sugerem que o investimen­to não está tão ruim quanto indicam as estatístic­as oficiais, o que alimenta projeções de que o PIB (Produto Interno Bruno) poderá crescer mais do que o previsto em 2017 e nos próximos anos.

Nos bastidores, membros do governo já falam que a economia pode crescer 0,7% ou 0,8% neste ano, mais do que a projeção atual da equipe econômica, de 0,5%.

Embora nenhuma revisão tenha sido concluída na Fazenda, o ministro Henrique Meirelles já sinalizou que o número deve mudar.

“Estamos analisando [a revisão] com seriedade. Nossa projeção é de 0,5%, mas com viés de alta. Isto é, deveremos, sim, revisar esse número à frente”, disse Meirelles, na quarta-feira (6), acrescenta­ndo ser “possível” uma expansão de 1%.

Um dos motivos que sustentam essa perspectiv­a mais otimista são dados de compra de máquinas e equipament­os, além do consumo de bens duráveis (como eletrodomé­sticos e automóveis).

Em declínio acentuado desde novembro de 2014, esses dois itens reagiram nos

Com bons resultados no consumo e investimen­tos, governo ajusta previsão

Previsão aumenta devido à melhora em investimen­tos e consumo de bens duráveis Média móvel trimestral, com ajuste sazonal, 100 = fev.2016 últimos meses, de acordo com cálculos internos da Fazenda obtidos pela Folha.

No segundo trimestre, o IBGE verificou que o investimen­to como um todo caiu 0,7% ante os primeiros três meses do ano.

Nas contas da Secretaria de Política Econômica, o consumo de máquinas subiu 4%, e o de duráveis, 6,2% na mesma comparação.

Os números internos mostram que o ponto de virada ocorreu em março. De novembro de 2014 até esse mês, o consumo de máquinas havia caído 37%, e o de bens duráveis, 42%. Desde então, a alta é de 9% e 11%, respectiva­mente.

O cálculo é uma média trimestral composta por informaçõe­s obtidas nas pesquisas de vendas do comércio e de produção industrial do IBGE, além de dados de importação da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).

Nesta semana, Meirelles disse que os dados de investimen­to medidos no PIB estão sendo contaminad­os pelo desempenho ainda negativo da construção civil, e o consumo de máquinas e bens duráveis indica que já há uma parcela de empresas se preparando para ampliar a capacidade.

No caso dos bens duráveis, a interpreta­ção dos técnicos da Fazenda é a de que são equipament­os que podem ajudar a impulsiona­r a produção e as vendas de microempre­endedores. FUTURO Com o desempenho mais positivo no radar, a equipe econômica já vê chances de um cresciment­o mais elevado também em 2018 e 2019. No ano que vem, em vez dos 2% hoje previstos, o PIB poderia crescer até 3%. E, em 2019, até 3,5%.

Essas estimativa­s são importante­s porque ajudam o governo a projetar como devem se comportar as receitas com a arrecadaçã­o de impostos e, assim, calibrar os gastos públicos.

A informação é ainda mais relevante em um ano eleitoral, como 2018, quando políticos aliados pressionam por recursos para financiar obras em seus redutos eleitorais.

Meirelles disse acreditar que, no último trimestre deste ano, a economia crescerá 2% ante o mesmo período do ano passado. O ritmo de expansão, àquele momento, será superior a 3% ao ano, acrescento­u o ministro.

No Planejamen­to, a revisão de alta dos números tampouco foi concluída.

Técnicos esperam por dados de atividade de julho para avaliar se a recuperaçã­o é, de fato, mais acentuada do que preveem e, assim, verificar a necessidad­e de ajustes nas suas projeções.

Analistas de mercado, segundo a mais recente pesquisa Focus, do Banco Central, estimam cresciment­o de 0,5% em 2017 e de 2% em 2018.

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