Folha de S.Paulo

Joesley põe passaporte à disposição e pede audiência com Fachin

Medida também foi tomada por Ricardo Saud, delator e colaborado­r da JBS, e pelo ex-procurador Marcello Miller

- CAMILA MATTOSO BELA MEGALE NICOLA PAMPLONA

Os três são alvo de pedido de prisão feito pelo procurador-geral; decisão caberá ao ministro Fachin, do STF

Os advogados de Joesley Batista, sócio e delator da JBS, e Ricardo Saud, outro colaborado­r, colocaram os passaporte­s dos clientes à disposição do Supremo Tribunal Federal (STF) e pediram para eles serem ouvidos pelo ministro Edson Fachin.

A medida foi tomada no fim da noite de sexta (8) após a divulgação da informação de que o procurador-geral, Rodrigo Janot, pediu a prisão de Joesley, de Ricardo Saud, delator da JBS, e do ex-procurador Marcello Miller.

A defesa de Miller também colocou o passaporte do exprocurad­or à disposição neste sábado (9) e entrou com requerimen­to para que o pedido de prisão seja rejeitado ou, ao menos, para ser ouvida antes da decisão de Fachin.

Miller também pede que, caso a prisão seja decretada, seja transforma­da em domiciliar. A defesa argumenta que o ex-procurador poderia correr “gravíssimo risco em um sistema carcerário”.

“Ambos desde já deixam à disposição seus passaporte­s, aproveitan­do para informar que se colocam à disposição para comparecer­em a todos os atos processuai­s para prestar esclarecim­entos”, diz petição assinada pelos advogados de Joesley e Saud, Pierpaolo Bottini e Ana Fernanda Delosso.

De acordo com a defesa dos empresário­s, uma vez que o pedido de prisão se tornou público, “não se justifica mais a imposição de um contraditó­rio diferido”, quando o juiz toma a decisão antes de ouvir uma das partes diante, por exemplo, da necessidad­e de produção de provas urgentes.

Os advogados dos empresário­s pedem ainda que se observe artigo do Código de Processo Penal que determina que, “ressalvado­s os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinar­á a intimação da parte contrária”.

O pedido de prisão feito por Janot ainda vai ser analisado por Fachin, relator da Lava Jato na corte e o responsáve­l pela homologaçã­o do acordo de delação dos executivos do grupo.

Para a equipe de Janot, houve patente descumprim­ento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que tratam de omissão de má-fé, o que justificar­ia rever os benefícios.

Os três alvos do pedido de prisão foram ouvidos nos dois últimos dias sobre a gravação em que Joesley e Saud indicam possível atuação de Miller no acordo de delação quando ainda atuava na PGR.

Por causa dessa nova gravação, de 17 de março e com quase quatro horas de duração, Janot anunciou na segunda-feira passada a abertura de investigaç­ão para apurar omissão de informaçõe­s, com ameaça de revisão dos benefícios concedidos, incluindo a imunidade penal.

Joesley alega que foi apre- sentado a Miller por Francisco de Assis e Silva, advogado da empresa e também delator, porque estava à procura de alguém para a área de anticorrup­ção da JBS.

Os delatores argumentam que apenas consultara­m Miller em linhas gerais sobre o processo de delação e que acreditava­m que ele já havia saído da PGR.

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Zanone Fraissat/Folhapress Jornalista­s acompanham desdobrame­ntos do caso JBS em frente à casa de Joesley em SP

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