Pelé da endocrinologia, deu aula até os 90 anos
“Um cientista apaixonado, o Pelé da endocrinologia”. É assim que o médico Roberto Betti descreve seu ex-sócio Bernardo Leo Wajchenberg.
Filho de imigrantes poloneses, Bernardo cresceu na capital paulista e optou pelo curso de medicina atendendo ao gosto do pai —ele mesmo sonhava fazer engenharia química e abrir uma loja de lâmpadas no ABC com um amigo.
Fez medicina na USP, seguindo para a residência nos Estados Unidos. Na época, a endocrinologia ainda não era uma área como hoje, mas Bernardo já seguia seu rumo.
Começou a atender em seu consultório, mas era a área acadêmica sua maior paixão. Na mesma USP em que se formou, deu aulas, desenvolveu pesquisas, escreveu livros.
Duzentos e setenta e seis trabalhos publicados, garantiu em uma entrevista feita em 2012. Apenas um de seus estudos já tinha sido citado mais de 1.400 vezes na ocasião.
Tinha gênio forte e era exigente, não apenas com os jovens que ensinava, mas com os colegas em geral. Sempre espirituoso, dizia não gostar de “gente velha”. “Só estou atualizado porque fico cercado dos residentes”, afirmava.
O gênio foi amolecendo com o tempo, enquanto a disposição permanecia a mesma. Apesar de achar que os médicos são desvalorizados hoje no Brasil, ele continuou a clinicar até depois dos 80 anos e deu aulas até perto dos 90. Quando não estava no Hospital das Clínicas ou no Instituto do Coração, estava em casa lendo e estudando.
Parou no último dia 21, quando morreu, aos 91 anos, em decorrência de uma pneumonia. Deixa a mulher, Rosinha, dois filhos e netos. coluna.obituario@grupofolha.com.br 1º ANO 47º MÊS
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