Folha de S.Paulo

‹ Defesa diz que inquérito tem ‘inverdades’

- GUSTAVO URIBE LETÍCIA CASADO

DE BRASÍLIA

Em menos de 24 horas, o presidente Michel Temer foi citado pela Polícia Federal como membro de uma suposta organizaçã­o criminosa e também se tornou alvo de novo inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Para reagir às acusações, o Palácio do Planalto antecipou o discurso de defesa contra nova denúncia que deve ser apresentad­a, desta vez por obstrução judicial e organizaçã­o criminosa, pelo Ministério Público Federal.

Na segunda-feira (11), a Polícia Federal entregou ao Supremo um relatório no qual conclui que Temer tinha poder de comando sobre uma suposta quadrilha de deputados do PMDB na Câmara.

O relatório deve embasar a provável nova denúncia que deve ser apresentad­a pelo MPF contra Temer.

Nesta terça (12), o ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou investigaç­ão para apurar se ele e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) participar­am de esquema para beneficiar a Rodrimar, empresa que atua no porto de Santos (SP).

Pouco antes desse novo revés, Temer conversou com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) e concluiu que seria necessário fazer um discurso enfático para demonstrar indignação e municiar a base aliada a defendê-lo.

Por sua orientação, o Planalto divulgou nota pública em que criticou “facínoras” que “roubam do país a verdade” e chamou de “bandidos” aqueles que constroem versões “por ouvir dizer”.

Sem citar nomes, se referiu ao corretor de valores Lúcio Funaro, segundo o qual o peemedebis­ta autorizou caixa dois para a campanha de Gabriel Chalita, do PMDB, à prefeitura de São Paulo em 2012.

“Facínoras roubam do país a verdade. Bandidos constroem versões por ouvir dizer a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçada­s em conversas embebidas em ações clandestin­as”, afirmou.

A decisão de Luís Roberto Barroso atende a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que vê indícios de que Temer e Loures cometeram crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na Entre os grampos, há conversas de Rodrigo Rocha Loures com representa­ntes do governo e do setor O QUE DIZEM A defesa de Temer afirma que as acusações estão “contaminad­as por inverdades” e por “distorções” OS PRÓXIMOS PASSOS O ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou a abertura do inquérito para investigar o presidente Agora, investigad­ores passam a coletar provas e ouvir testemunha­s Ao fim da investigaç­ão, o MPF decide se oferece denúncia Se houver denúncia e Temer ainda for presidente, será necessário que a Câmara autorize a abertura de ação penal

DE BRASÍLIA

Em petição enviada na noite desta terça-feira (12) ao STF (Supremo Tribunal Federal), a defesa do presidente Michel Temer contestou inquérito que o investiga por supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na edição do decreto sobre portos.

Para o advogado Antônio Cláudio Mariz, as acusações contra Temer estão “contaminad­as por inverdades” e por “distorções maliciosas da realidade”. Segundo ele, a Rodrimar não foi beneficiad­a pela iniciativa.

Em nota, a empresa disse que recebeu serenament­e a abertura do inquérito e que “nunca recebeu qualquer privilégio do poder público”. “O decreto atendeu a uma reivindica­ção de todo o setor de terminais portuários do país.

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