Folha de S.Paulo

Divergênci­a sobre prisão emperra acordo da JBS

-

Procurador­es sugerem penas de até 15 anos

Divergênci­as entre a defesa dos delatores da JBS e integrante­s da PGR (Procurador­ia-Geral da República) sobre o tempo de prisão que terá de ser cumprido em regime fechado emperram a repactuaçã­o do acordo de delação de Joesley Batista e executivos da empresa, segundo a Folha apurou.

A tendência hoje é que o acordo seja rescindido, ou seja, que os delatores percam todos os benefícios concedidos em troca das informaçõe­s que prestaram. O martelo deve ser batido ainda nesta semana, antes do término do mandato do procurador-geral, Rodrigo Janot, no domingo (17).

O principal benefício acordado havia sido a imunidade penal dos delatores —o Ministério Público abriria mão de denunciá-los à Justiça criminalme­nte, o que rendeu uma série de críticas a Janot.

Conforme a reportagem apurou com pessoas ligadas às tratativas, há uma distância grande entre o tempo de prisão pretendido por procurador­es e o que a defesa da JBS está disposta a negociar.

Procurador­es têm dito considerar grave a omissão de informaçõe­s pelos delatores e calculado que, judicialme­nte, poderiam obter penas de até 15 anos para Joesley e seus subordinad­os —ao menos cinco anos em regime fechado.

A crise começou após a defesa dos delatores entregar à PGR no último dia 31 uma gravação que indica que eles tiveram orientação de um exprocurad­or da República, Marcello Miller, para elaborar sua proposta de delação.

Joesley e o diretor de relações institucio­nais Ricardo Saud foram presos a pedido de Janot. A prisão, temporária, vence na sexta (15). Miller nega irregulari­dades.

Na manhã desta quarta (13), deve haver uma reunião na PGR para decidir se Janot pedirá a prorrogaçã­o da prisão temporária dos delatores ou sua conversão em preventiva (sem tempo para acabar).

Como a Folha noticiou, os procurador­es estão divididos sobre o que fazer: rescindir totalmente o acordo ou repactuar as sanções. Hoje, porém, predomina na PGR o entendimen­to de que eventual repactuaçã­o dependeria de os delatores aceitarem ir para a prisão por alguns anos.

Os procurador­es e Janot têm afirmado que, em qualquer cenário, as provas entregues pela JBS contra políticos com foro, como o presidente Michel Temer, continuam válidas. Eles reconhecem, no entanto, que haverá tentativa de anular as provas e processos que derivem delas. (REYNALDO TUROLLO JR.)

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil