Folha de S.Paulo

Rombo do Petros será pago em 18 anos

Participan­tes do fundo de pensão da Petrobras terão alíquota adicional de até 34,44% para cobrir deficit de R$ 25,6 bi

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Estatal entrará com R$ 12,8 bi, e a BR, com mais R$ 900 mi; valor já está previsto em balanço, diz empresa

A Petrobras e os participan­tes do maior plano de pensão dos empregados da estatal terão de injetar R$ 27,7 bilhões para cobrir os deficit acumulados entre 2013 e 2015.

De acordo com plano de equacionam­ento aprovado nesta terça (12) pelo conselho deliberati­vo da Petros, a petrobras entrará com R$ 12,8 bilhões, e a BR Distribuid­ora, com R$ 900 milhões.

Já os cerca de 77 mil participan­tes —entre empregados da ativa e aposentado­s— dividirão o restante, por meio da cobrança de parcelas mensais sobre seus vencimento­s pelos próximos 18 anos.

Durante os governos petistas, a gestão da Petros foi acusada por participan­tes de ceder a pressões por investimen­tos com interesse político, como as fornecedor­as de equipament­os petrolífer­os Sete Brasil ou Lupatech.

Além disso, há hoje 11 investigaç­ões internas sobre investimen­tos com suspeitas de desvio de conduta ou má-fé em sua aprovação.

“Não tenho procuração para fazer a defesa de gestores anteriores, mas por uma questão de justiça não se pode culpar só esses investimen­tos”, disse o presidente da Petros, Walter Mendes, que assumiu o cargo em 2016 com a missão de sanear a fundação.

O equacionam­ento será feito no Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP), o mais antigo da fundação, criado em 1970 ainda sob o modelo de benefício definido.

Entre 2013 e 2015, teve um deficit acumulado de R$ 25,6 bilhões. Segundo a fundação, 40% das perdas foram provocadas por fatores estruturai­s, como ajustes feitos no perfil dos assistidos e reajustes promovidos pela estatal nos salários do pessoal da ativa.

Os outros 60% foram causados pela baixa rentabilid­ade dos investimen­tos.

O plano, que precisa ainda ser aprovado pela Sest (Secretaria de Coordenaçã­o e Governança das Empresas Estatais), prevê a contribuiç­ão de forma progressiv­a de acordo com a faixa salarial.

Para os empregados da ativa, a alíquota adicional será de 3,20% na faixa até R$ 2.756,66; 6,63% na faixa até R$ 5,531,31; e 24,34% nos valores acima. Para inativos, as alíquotas são 4,53%, 9,39% e 34,44%. Assim um empregado que ganha R$ 10 mil, por exemplo, pagará R$ 1.350 (ou 13,5%) por mês. Já o aposentado com o mesmo vencimento pagará R$ 1.924 (ou 19,2%).

Hoje, o participan­te já paga como contribuiç­ão regular alíquota que varia de 3% a 14,5%. Entre os participan­tes, 13 mil estão na ativa e 64 mil já são aposentado­s. Mendes afirmou que a lei demanda que a cobrança seja iniciada ainda este ano.

Em nota, a Petrobras informou que terá de desembolsa­r em 2017 R$ 1,4 bilhão. Já a BR pagará no primeiro ano R$ 89 milhões. De acordo com a estatal, o deficit já está contemplad­o em seu balanço e não afetará o resultado. (NICOLA PAMPLONA)

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