Folha de S.Paulo

De olho nas eleições, Doria congela IPTU de SP em 2018

Prefeito, que postula candidatur­a, só fará atualizaçã­o automática da inflação

- THIAGO AMÂNCIO GIBA BERGAMIM JR. Residencia­l até 30% até 45% até 10% até 15% Não residencia­l

Motivo de desgaste, revisão de valores do imposto era prevista em lei, mas será adiada pela gestão tucana

Mesmo com restrições orçamentár­ias e com a revisão de valores prevista pela legislação, a gestão João Doria (PSDB) decidiu manter a base de cobrança do IPTU congelada no ano eleitoral de 2018.

O tucano só aplicará a atualizaçã­o anual do imposto pela inflação —em torno de 3%, segundo a prefeitura—, prevista automatica­mente no Orçamento e que independe de aval específico da Câmara.

A decisão, que poupa Doria de forte desgaste enfrentado por prefeitos anteriores, foi anunciada nesta terça (12).

Doria trava uma disputa interna no PSDB com Geraldo Alckmin para a escolha do candidato do partido à Presidênci­a no ano que vem.

O governador foi decisivo na escolha de Doria como candidato tucano na disputa municipal, mas enfrenta agora a concorrênc­ia do prefeito. Para ser candidato ao Planalto ou ao governo paulista, Doria terá de sair do cargo até abril (seis meses antes da eleição).

O aumento do IPTU contribuiu para corroer a popularida­de do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). Ele sofreu um revés na Justiça, que barrou durante um ano a alta do IPTU prevista para 2014.

A gestão Doria abrirá mão de aumento na arrecadaçã­o em 2018, mas admite que a revisão de valores do IPTU pode ocorrer nos anos seguintes.

Em 2017, a receita do imposto prevista é de R$ 8,2 bilhões, perdendo apenas para a de ISS (R$ 12,7 bilhões).

Na última atualizaçã­o feita no IPTU, a gestão Haddad estimou uma arrecadaçã­o adicional de R$ 700 milhões. LEGISLAÇÃO Por lei, a cada quatro anos a prefeitura deve revisar a Planta Genérica de Valores, que fixa os valores venais dos 3,4 milhões de imóveis da capital paulista e que serve como base de cálculo do IPTU.

A medida poderia resultar em aumento significat­ivo do imposto em áreas que tiveram valorizaçã­o imobiliári­a. Já regiões que se desvaloriz­aram poderiam ter redução —embora sejam casos incomuns.

Como a última revisão da tabela ocorreu em 2013, a próxima deveria ser neste ano.

Com a decisão de Doria de congelar a base de cobrança do IPTU, vereadores da oposição, como Antonio Donato (PT), e da base aliada, como José Police Neto (PSD), dizem que ele precisará mandar um projeto à Câmara para alterar a legislação, já que ela obriga a revisão periódica.

O secretário da Fazenda, Caio Megale, diz cogitar duas opções: enviar um projeto empurrando a decisão para frente ou mantendo a planta de valores sem alterações.

Ele atribuiu a decisão de congelar a alta do IPTU ao fato de a crise econômica ter deixado os parâmetros do mercado “disfuncion­ais” para rever valores de imóveis.

“Mais para frente, com mercado estabiliza­do, a gente vai ter uma noção melhor de onde estarão os preços de mercado”, disse Megale.

Apesar do congelamen­to da base de cobrança do IPTU, cerca de 30% dos imóveis ainda podem receber boletos com reajustes acima da inflação, mas referentes a resíduos acumulados de anos anteriores.

São residência­s ou estabeleci­mentos comerciais que tiveram forte valorizaçã­o antes do último reajuste de Haddad.

Na ocasião, após críticas sobre aumentos excessivos, a gestão petista criou travas de até 10% de aumento para imóveis residencia­is e 15% para comerciais. Aumentos superiores a esses tetos foram diluídos em anos posteriore­s.

Nos últimos meses, a gestão Doria culpou a falta de dinheiro no caixa por alguns serviços municipais comprometi­dos. Agora, Megale cita a entrada de novos recursos, como aumento na receita de ISS e arrecadaçã­o de R$ 200 milhões com programa de parcelamen­to de dívidas. Kassab (2010-2013) Haddad (2015-2017)

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