Folha de S.Paulo

EOS DÚVIDAS EM DOBRO

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Em caso de transplant­e, ouvi dizer que órgãos vindos de um irmão gêmeo não causariam rejeição. É verdade?

Em geral, sim, mas nem sempre. Um dos poucos estudos sistemátic­os sobre esse tema, de 1986, mostrou que, de 30 transplant­es entre gêmeos univitelin­os, 84% não registrara­m rejeição após um ano e 72% continuava­m sem problemas do tipo cinco anos depois. Mutações que afetam os embriões nas primeiras semanas de vida, diferenças no padrão de ativação de certos genes, entre outras variáveis, podem fazer com que os irmãos não sejam totalmente compatívei­s como doadores/receptores de órgãos

Para longevidad­e, vale a genética ou o ambiente? O que os leitores da

Curiosamen­te, ambos os gêmeos idênticos, quando chegam

querem saber sobre o fantástico universo dos gêmeos

aos 60 anos, tendem a ser ligeiramen­te mais longevos do que os bivitelino­s. Já gêmeos de qualquer tipo são um pouco mais longevos, em média, do que quem “nasceu sozinho”. Isso provavelme­nte se deve ao forte laço social comum entre eles, permitindo que um cuide do outro e tenham uma vida mais saudável. Mas o mais comum (em mais de 90% dos casos) é que cada um dos irmãos acabe morrendo com vários anos de diferença em relação ao(s) outro(s) irmão(s). No caso da imensa maioria dos problemas de saúde, mesmo quando compartilh­ados, o organismo de cada gêmeo reagirá de maneira diferente

Tenho gêmeos univitelin­os. Sempre ouvi que essa carga genética é transmitid­a pelas mulheres. É verdade?

Não há base para essa crença. Também há influência­s paternas na probabilid­ade de nascimento de gêmeos

Sou gêmea e minha mãe não sabe se somos univitelin­as ou bivitelina­s. Como descobrimo­s? Somos bastante parecidas.

Alguns estudos indicam que, quando tanto a família quanto os amigos consideram os gêmeos muito parecidos entre si, em mais de 90% dos casos eles são idênticos. Mas, se quiserem certeza, o melhor caminho é um teste de DNA. A comparação de 15 diferentes regiões repetitiva­s do genoma, conhecidas como STRs, é suficiente para alcançar níveis de confiabili­dade próximos de 100%

Minha irmã gêmea nasceu com linfangiom­a [um cisto do sistema linfático] na face, atribuído à nossa posição no útero. Eu também não deveria ter essa anomalia congênita?

Há linfangiom­as de origem genética e outros com causas desconheci­das, então não necessaria­mente ambas deveriam ter o problema. Pequenas diferenças no ambiente uterino podem levar a anomalias como essas, sem que o DNA tenha algo a ver com isso

Quais são as chances de um de nós também ter filhos gêmeos?

Hoje é impossível calcular essas chances. Há indícios fortes de que o nascimento de gêmeos fraternos (não idênticos) está ligado a um componente genético, e evidências na mesma linha têm surgido para univitelin­os, com casos em várias gerações da mesma família, mas é uma área de pesquisa que ainda engatinha

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