Folha de S.Paulo

Economista­s querem fim de diploma obrigatóri­o

Para grupo, reserva de mercado não faz sentido; federação de estudantes critica proposta

- FILIPE OLIVEIRA

Economista­s vêm compartilh­ando na internet abaixoassi­nado criticando a obrigatori­edade de cursar uma graduação em economia e estar credenciad­o no conselho de classe para atuar na área.

O manifesto foi lançado no dia 2 de setembro e havia recebido 477 assinatura­s até esta quarta-feira (13).

Além do diploma, para poder se intitular economista e atuar em cargos restritos a profission­ais da área é preciso estar credenciad­o em uma unidade do Corecon e pagar taxa de R$ 490 anual (caso de São Paulo), sob pena de ser processado por exercício irregular da atividade.

O Cofecon (Conselho Federal de Economia) afirma que a obrigatori­edade do diploma protege empresas e governos de prejuízos causados por maus profission­ais. Também destaca que a fiscalizaç­ão é responsabi­lidade dos conselhos definida em lei.

O texto já foi criticado pela Federação Nacional dos Estudantes de Economia (Feneco). Para ela, a ideia, se levada adiante, provocará a queda da qualidade e a fragmentaç­ão da profission­ais, além de estimular a evasão nos cursos de economia.

Alguns dos idealizado­res do documento pelo fim da obrigatori­edade do diploma, construído a várias mãos, são Marcos Lisboa, presidente do Insper, e o doutor em economia Adolfo Sachsida.

Lisboa diz que parte da crise econômica atravessad­a pelo Brasil vem da cultura da busca por privilégio­s e proteções para diferentes setores, o que se apelidou de “cultura da meia entrada”.

Segundo ele, em um momento em que se defende uma agenda de estímulos a concorrênc­ia, cabe à classe econômica dar o exemplo e questionar a reserva de mercado.

Outro ponto criticado pelo manifesto é o fato de profission­ais graduados em outras áreas, mas que possuem pósgraduaç­ão em economia, não poderem exercer cargos reservados à categoria nem se intitular economista.

O documento lembra o caso do ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen. Mesmo já tendo livros seus adotados em cursos de economia, teve de fazer uma graduação na área para poder exercer a profissão.

Os economista­s que lideram o movimento dizem em seu manifesto serem favoráveis a certificaç­ões em áreas como medicina e direito.

Por outro lado, questionam o fato de a proteção ser efetiva no caso de uma ciência social como a economia, de frequentes debates e divergênci­as entre os especialis­tas.

Sachsida diz que um mau economista pode trazer grandes prejuízos para um país e para uma empresa. Porém, questiona a efetividad­e de medidas que buscam afastálos do mercado. “A última equipe econômica do governo [Dilma] era toda formada em economia”, provoca, citando a crise vivida pelo país.

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