Folha de S.Paulo

São Paulo sem ilegalidad­e

O contraband­o não traz só prejuízos financeiro­s à cidade. É uma das principais formas de financiame­nto de organizaçõ­es criminosas

- BRUNO COVAS www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

A cidade de São Paulo passa por uma transforma­ção no combate ao crime organizado. Desde janeiro, implementa­mos ações para coibir o avanço no comércio ilegal registrado em anos recentes.

Em 2016, os prejuízos ao município causados pelo contraband­o de produtos como cigarro, vestuário, combustíve­is, cosméticos e medicament­os chegaram a R$ 9 bilhões, segundo o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidad­e (FNCP). Dinheiro que poderia ser revertido à população na forma de mais saúde, educação, segurança.

Essas atividades, que até o ano passado aconteciam livremente por toda a cidade, passaram a ser combatidas duramente na atual gestão, o que culminou com o fechamento do Shopping 25 de Março e da Galeria Florêncio na última segundafei­ra (11), em ação conjunta da Prefeitura com a Receita Federal.

Nesse espaço emblemátic­o do comércio ilegal devem ser recolhidas cerca de 800 toneladas de mercadoria­s, no valor de R$ 300 milhões.

O combate ao comércio de mercadoria­s contraband­eadas e pirateadas tem de passar pelo alinhament­o de forças dos governos federal, estaduais e municipais.

É fundamenta­l, porém, lembrar que este problema tem um poderoso componente econômico: a enor- me disparidad­e tributária entre o Brasil e países vizinhos, em especial o Paraguai, responsáve­l por grande parte dos produtos que entram ilegalment­e no país.

O comércio ilegal de cigarros, líder do contraband­o na cidade, é exemplo do impacto negativo para a sociedade. Recentemen­te, em outra ação conjunta com a Receita, foram apreendido­s 100 mil maços contraband­eados na região do Brás.

Os fabricante­s legalmente estabeleci­dos no país, que pagam até 80% de impostos, convivem com a concorrênc­ia desleal de empresas paraguaias, tributadas em ínfimos 16%. Isso fez com que o contraband­o saltasse de 20%, no início da década, para 45% em 2016. Dados do setor de panificaçã­o mostram que, caso a venda de cigarros contraband­eados fosse eliminada, cerca de 40 mil postos de trabalho seriam criados nas padarias da cidade.

Mas o contraband­o não traz somente prejuízos financeiro­s para a cidade. A atividade é uma das principais formas de financiame­nto de organizaçõ­es criminosas, que dominam a comerciali­zação em todo o país, e também serve para mascarar outras modalidade­s de crime, já que muitas vezes os produtos contraband­eados entram no Brasil juntamente com armas e drogas.

Nesta sexta-feira (15), está sendo lançado na capital o Movimento Legalidade, que promoverá a união de forças entre a FNP (Frente Nacional dos Prefeitos), a Prefeitura de São Paulo, a sociedade civil e o setor empresaria­l para combater o mercado ilegal e o descaminho de forma efetiva e contundent­e.

Entre as medidas que serão tomadas está a criação do Comitê de Defesa do Comércio Legal, que identifica­rá centros de vendas, distribuiç­ão e depósitos de produtos ilegais para definir ações de inteligênc­ia e de combate a essas práticas ilícitas.

Dessa forma, mais uma vez a Prefeitura atua de forma pioneira e assume o compromiss­o público de transforma­r o combate ao mercado ilegal em prioridade da gestão. Queremos ser exemplo para o restante do país e exportar esse modelo, via FNP, para os demais municípios.

Somente com ações concretas e firmes será possível enfrentar o problema de forma eficaz. São Paulo está no caminho certo. BRUNO COVAS,37,

O que deve atrair preocupaçã­o é o fato de um ditador ter o poder de lançar ataques nucleares (“Poder de Trump para lançar um ataque nuclear atrai preocupaçã­o”, “Mundo”, 14/9). É o caso de Kim Jong-un, que escraviza o seu povo. É ele quem faz ameaças no sentido de aniquilar outros países. Trump só lançará um ataque nuclear em caso de séria ameaça à segurança dos Estados Unidos. O ideal seria que ninguém tivesse armas nucleares. No entanto, num mundo onde elas existem, é melhor que Trump seja mais poderoso do que Kim Jong-un.

MARCO A. TORRES ANTUNES

O dever das nações é fazer de tudo pela paz universal. Esse conceito infelizmen­te já foi ferido por diversas vezes. Chegamos ao limite. A negociação será muitíssimo importante, muito mais que qualquer resolução proibitiva, às quais líderes armamentis­tas já deveriam ter se submetido no passado, com a proibição de armas químicas, biológicas e nucleares.

CELITO MEDEIROS

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Sobre a coluna de Marco Aurélio Canônico, dinheiro público em negócios que dão lucro é coisa que não consigo entender! Tanto se fala em privatizar empresas controlada­s pelo poder público, no entanto querem estatizar os custos de empresas privadas. Será que há esse tipo de atitude em outros países? Os governos bancam Rock Rio, Carnaval, futebol e outros eventos supérfluos e ainda se ouve gente questionan­do o Bolsa Família (“Rock in Rio, um exemplo”, “Opinião”, 14/9).

ADENOR DIAS

É vergonhoso o uso indiscrimi­nado que se faz do dinheiro público. Num Brasil de pobres e miseráveis, vemos empresário­s ricos se valerem da esculhamba­ção que tomou conta das instituiçõ­es públicas para arrancar dinheiro de impostos para evento privado que dá lucro monumental. Hospitais, merenda escolar e segurança que se danem, pois a nossa cultura é nojenta, sobretudo por causa dos que deveriam dar o exemplo de decência.

VICTOR CLAUDIO

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