Folha de S.Paulo

Caros, orgânicos enfrentam problema de escala

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DE SÃO PAULO

Pesquisas para o desenvolvi­mento de boas práticas de manejo, difusão de informação para produtores e políticas públicas de incentivo devem incrementa­r a escala da produção orgânica e baratear o custo para o consumidor.

Essa foi a conclusão dos participan­tes da mesa sobre agricultur­a orgânica no segundo dia do fórum Agronegóci­o Sustentáve­l.

“Nossa experiênci­a mostra que é possível desenvolve­r a produção em uma escala capaz de gerar boa renda para o produtor”, disse Emerson Giacomelli, coordenado­r do grupo Gestor do Arroz Agroecológ­ico, pertencent­e ao MST.

Para atingir essa escala, segundo ele, é essencial desenvolve­r a pesquisa, ampliar a assistênci­a técnica e conceder incentivos governamen­tais ao produtor, como investimen­tos e crédito facilitado.

Esses produtos, cultivados sem agrotóxico­s e fertilizan­tes químicos, custam cerca de 30% a mais. Segundo Sylvia Wachsner, coordenado­ra do Centro de Inteligênc­ia em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultur­a, pesquisas indicam que o consumidor, preocupado com a saúde, está disposto a pagar por essa diferença.

O Pnae (Programa Nacional de Alimentaçã­o Escolar) privilegia orgânicos para a merenda escolar e paga esses 30% a mais ao agricultor, de acordo com Wachsner.

Tomate, ovo e alface, que têm culturas orgânicas mais desenvolvi­das, já têm preços que, em alguns lugares, competem com o valor dos convencion­ais, segundo ela.

Em um supermerca­do da região central de São Paulo, porém, o quilo do tomate orgânico custava, na sexta-feira (15), mais do que o triplo do produto convencion­al: R$ 17,18 contra R$ 4,99.

A Nestlé aposta que o consumidor paga mais por um produto diferencia­do e por isso está investindo em leite orgânico.

“Temos um produtor que já é totalmente orgânico e estamos convertend­o outros 26”, disse Taissara Martins, gerente da área de Qualidade de Leite Fresco e Desenvolvi­mento de Fornecedor­es da Nestlé. A empresa conta com mais de 4.000 fornecedor­es de leite.

O Brasil, o primeiro país no qual a multinacio­nal investe em leite orgânico, tem uma produção pequena, com custos elevados. “É preciso deixar a vaca solta no pasto, tratá-la com homeopatia, alimentála com ração cultivada sem agrotóxico­s”, explicou Martins.

O importante é garantir renda ao produtor de orgânico. “Não adianta a pessoa ter princípios, amor à causa, se ela não consegue pagar as contas”, afirmou Giacomelli. (EVERTON LOPES BATISTA)

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Marcelo Justo/Folhapress Leonardo Jayme, do Consórcio Brasil Central, os governador­es Pedro Taques (MT) e Marconi Perillo (GO), na plateia do seminário

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