Folha de S.Paulo

ROCK IN RIO Alicia Keys e veterano Nile Rodgers são grandes destaques do domingo

Guitarrist­a de 64 anos enfileirou hits de sua carreira e que escreveu para Bowie, Madonna e outros

- AMANDA NOGUEIRA THALES DE MENEZES MARCO AURÉLIO CANÔNICO

Antes do show da americana no palco Mundo, cerca de 30 pessoas tiveram seus celulares furtados

Num Rock in Rio cheio de jovens no palco e na plateia, quem roubou a cena neste primeiro fim de semana foi um senhor de 64 anos cujo nome, Nile Rodgers, não dizia muito para o público em geral.

Mas o legendário guitarrist­a,compositor­eprodutora­mericano, criador da banda disco Chic e de incontávei­s hits dançantes ao longo de quatro décadas, fez o melhor show até agora, acompanhad­o de músicos de grande categoria.

“Meu nome é Nile Rodgers e eu tenho o melhor emprego do mundo, porque fiz discos com Diana Ross, Sister Sledge, David Bowie, Madonna, Daft Punk, Lady Gaga e tanta gente maravilhos­a”, disse o músico à plateia que lotou o palco Sunset no domingo (17). Foi um prelúdio do que viria.

Todo de branco, com uma boina e longos dreads, Rodgers abriu os trabalhos com três sucessos do Chic: “Everybody Dance”, “Dance, Dance, Dance” e “I Want Your Love”.

Na sequência, vieram os hits que ele produziu para outros artistas, como Diana Ross (“I’m Coming Out”, “Upside Down”), Sister Sledge (“He’s the Greatest Dancer”, “We Are Family”), Madonna (“Like a Virgin”), David Bowie (“Let’s Dance”) e Daft Punk (“Get Lucky”).

O público reagia com sur- presa e animação a cada nova canção —foi um show de muitas palmas, muito balanço e um coro constante da plateia, até o encerramen­to com os maiores sucessos do Chic (“Le Freak” e “Good Times”). ALICIA KEYS A medalha de prata ficou com Alicia Keys, que entrou no palco Mundo vestida com um macacão preto brilhante, brinco losangular do tamanho de um palmo e cabelo trançado rosa e laranja.

Seu melhor acessório, porém, era um sorriso que não saía do rosto. Nem mesmo quando cantava faixas como “Pawn it All”, sobre recomeçar a vida, e “Superwoman”, sobre as dificuldad­es de ser uma mulher. Carismátic­a, interagia com o público enquanto resgatava canções de diferentes períodos da carreira.

Alicia convidou ainda artistas brasileiro­s para cantar “Kill Your Mama”, sobre depredação da natureza. Além do arranjador Pretinho da Serra, a cantora recebeu a líder indígena Sônia Guajajara, que pediu apoio popular para barrar o decreto que coloca à venda uma grande reserva mineral. “Não existe plano B, essa é a mãe de todas as lutas, é a luta pela mãe Terra, demarcação já!”. A plateia respondeu o apelo com “fora, Temer” e a cantora continuou “Kill Your Mama”, sobre a destruição da natureza.

Antes do show da cantora, cerca de 30 pessoas tiveram seus celulares furtados. Um grupo de homens fazia uma espécie de empurra-empurra.

No meio do tumulto, esvaziavam bolsos e bolsas. Um repórter fotográfic­o da Folha teve o celular furtado nesse momento, assim como outro profission­al da imprensa que estava no local.

A reportagem esteve na delegacia móvel da Cidade do Rock. Em pouco mais de 30 minutos, cerca de 20 pessoas assinalara­m ter sido furtadas. Outras dez pessoas já registrava­m boletim de ocorrência no local.

Principal atração do domingo, o americano Justin Timberlake entrou em cena para fechar o palco Mundo à 0h45 cantando “Only When I Walk Away”.

“Como vocês estão se sentido nessa noite, Rio? Estamos muito felizes por estar de volta”, disse o cantor.

Com seu visual moderninho e elegante —calça curta, blazer, camisa e chapéu— que se alinha ao seu tipo de som, um pop sexy, Timberlake alterna momentos em que apenas canta e dança com outros em que toca violão/guitarra.

O repertório de 16 canções que ele havia selecionad­o para a noite era muito parecido com o do show de 2013 no Rock in Rio —12 músicas foram repetidas, privilegia­ndo as dos álbuns “FutureSex/LoveSounds” (2006) e “The 20/20 Experience” (2013).

Antes das atrações internacio­nais, o show mais comentado do dia havia sido o que reuniu Johnny Hooker, Liniker e Almério. Hooker, estrela principal da trinca, cantou “Corpo Fechado” e “Alma Sebosa”. O clímax foi ao fim de “Flutua”, quando Liniker e Hooker se beijaram no palco.

Ao fundo, um telão mostrava os dizeres “Amar sem Temer” e alertava sobre o Brasil ser o país que mais mata LGBTs. É claro que não demorou para vir uníssono o protesto contra o presidente. Com Almério, o trio cantou “Não Recomendad­o”.

LUCAS VETTORAZZO

A cantora americana Alicia Keys, no palco principal do festival

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Zanone Fraissat/Folhapress

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