Folha de S.Paulo

PF indicia irmãos Batista, acusados de manipulaçã­o

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DE SÃO PAULO

A Polícia Federal indiciou os irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios do grupo JBS, pela suposta prática dos crimes de manipulaçã­o de mercado e uso indevido de informação privilegia­da em operações de venda e compra de ações e contratos com dólar.

O indiciamen­to ocorreu no inquérito que levou à decretação das prisões preventiva­s dos empresário­s, no último dia 13, após decisão do juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal Federal de SP.

Em geral, após essa fase do trabalho da PF o Ministério Público decide se oferece denúncia contra os suspeitos ou pede o arquivamen­to.

As detenções integraram a segunda fase da Operação Tendão de Aquiles, que investiga, desde junho, se eles se beneficiar­am do acordo de delação premiada que assinaram com a PGR (Procurador­ia-Geral da República), para lucrar no mercado financeiro, fazendo reservas.

A prática, no mercado, é apelidada de “insider trading”. Documentos apresentad­os pela JBS à CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s) mostram que pessoas ligadas aos irmãos Batista venderam R$ 200 milhões em ações da empresa alguns dias antes da divulgação do acordo com a PGR, em 17 de maio.

O suposto crime na CVM não foi relatado pelos executivos da JBS no acordo de colaboraçã­o premiada.

Os empresário­s prestaram depoimento em julho e negaram que tenham manipulado o mercado.

Segundo a PF, as investigaç­ões se dividem em dois pontos. O primeiro é a ordem de venda pela FB Participaç­ões, controlado­ra do grupo, de R$ 200 milhões em ações da JBS entre 24 de abril e 17 de maio. Na ocasião, os papéis estavam em alta no mercado.

O segundo evento é a “intensa compra de contratos de derivativo­s de dólares” entre 28 de abril e 17 de maio pela JBS, acima da movimentaç­ão usual da empresa. Foram quase US$ 3 bilhões, segundo o MPF.

O grupo lucrou US$ 100 milhões após 17 de maio, de acordo com a investigaç­ão.

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