Folha de S.Paulo

Doria defende parcerias de SP com associados do Lide

- NICOLA PAMPLONA

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta quinta (21) que “não há relações espúrias e duvidosas” de sua gestão com empresas associadas ao Lide, promotora de eventos que ele fundou.

O tucano disse ser “forçada” reportagem publicada pela Folha que mostrou a aproximaçã­o entre executivos filiados ao Lide e a prefeitura.

“Não há nenhuma relação que possa ser duvidosa, que possa ser maldosa”, disse o prefeito, no Rio.

A reportagem levantou casos como os da Caixa Econômica Federal e da Estre Ambiental, que se associaram ao Lide em datas próximas ao lançamento de parcerias com a Prefeitura de São Paulo.

Em nota enviada por sua assessoria, a prefeitura considerou “equivocada” a correlação entre as reuniões e projetos comuns da prefeitura e empresas filiadas ao Lide”.

A gestão observou que, em nove meses, o prefeito teve 215 compromiss­os nos quais se reuniu com representa­ntes de 185 empresas.

“Esses números não são exatos, uma vez que não foram considerad­os eventos púbicos e outros em que havia grande número de pessoas, mas são suficiente­s para demonstrar, como a própria Folha já publicou, que a gestão é próxima do setor privado, no qual vê um parceiro.”

A prefeitura afirmou que “não é necessário, portanto, ser membro do Lide para ter acesso ao prefeito ou a seus secretário­s. A maioria das empresas com as quais a prefeitura tem se relacionad­o não pertence ao Lide”.

Doria disse, na nota: “Vim do setor privado onde construí uma trajetória de sucesso, respeito e credibilid­ade. Não pretendo me afastar dos bons amigos que cultivei ao longo de 40 anos. E na política vou praticar o que aprendi na livre iniciativa: ser ousado, determinad­o e honesto”.

No Rio, o prefeito argumentou que algumas das empresas citadas, como a Voto- rantim, não têm contratos com a prefeitura.

A Folha não disse que tinha —apontou que sua adesão ao Lide, em julho deste ano, foi precedida de duas reuniões de seus executivos com Doria. Houve um terceiro encontro em agosto assinalado na agenda oficial, mas a assessoria afirmou que o prefeito não estava presente.

O tucano disse que Caixa se associou em 2004, mas o Lide informou a filiação do banco público em março de 2017.

O Bradesco se associou em 2007, anotou o prefeito —a reportagem mencionou a elevação de sua anuidade em julho de 2017. Executivos do banco tiveram quatro agendas com o prefeito neste ano.

Em sua palestra, o tucano defendeu parcerias com empresas privadas para driblar restrições de caixa. Disse que sua gestão obteve R$ 750 milhões em investimen­tos privados. “Tudo isso sem contrapart­ida do município. E não haveria problema se houvesse contrapart­ida, desde que com transparên­cia.”

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