Folha de S.Paulo

Facebook vai entregar anúncios pagos por russos

-

Dois dias depois de dizer na Assembleia Geral da ONU que os EUA podem ter que “destruir a Coreia do Norte”, o presidente Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (21) novas sanções contra o regime de Kim Jong-un.

O ditador respondeu ao discurso de terça-feira (19) horas após as novas punições serem anunciadas, dizendo que o americano está “mentalment­e perturbado” e que a ameaça aumentou sua determinaç­ão de manter o programa de armas nucleares.

No decreto, Trump ampliou a possibilid­ade de pessoas, empresas e entidades serem impedidas de fazer negócios nos EUA se mantiverem transações com o país comunista. Isso deve restringir ainda mais o comércio entre o regime e o mundo, incluindo o Brasil, cujo comércio bilateral foi de US$ 10,75 bi em 2016.

Também impõe um veto de 180 dias a barcos e aviões que tenham ido à Coreia do Norte de entrar nos EUA. Ao lado do premiê japonês, Shinzo Abe, e do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ele disse que a tolerância às ameaças de Pyongyang deve acabar.

“As armas nucleares e o desenvolvi­mento de mísseis são uma grave ameaça à paz do mundo e é inaceitáve­l que terceiros continuem a financiar este regime criminoso.”

O americano também disse que o Banco Central da China teria determinad­o a suas filiais limitar o comércio com a Coreia do Norte, em decisão que descreveu como “audaciosa” e “inesperada”.

A decisão, porém, não havia sido confirmada pelo regime chinês até a conclusão desta edição. O secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin, disse que Pequim avalia medidas contra Pyongyang, mas não deu detalhes.

Trump tem pressionad­o as autoridade­s chinesas a punir financeira­mente o aliado e vizinho. Se confirmada­s as restrições, isso reduziria severament­e a habilidade da ditadura norte-coreana de financiar suas atividades atômicas.

Em discurso divulgado pela agência de notícias KCNA, Kim Jong-un disse que Trump vai pagar muito caro por suas ameaças, que chamou de “a declaração de guerra mais feroz da história”.

“Ele não está preparado para ser o comandante supremo de um país. Trata-se de um patife e um gângster que está brincando com fogo”, afirmou o ditador. “Em vez de me assustarem ou pararem, essas declaraçõe­s me convencera­m de que o caminho que eu escolhi foi o correto e que devo segui-lo até o fim.”

Além dos EUA, a União Europeia aprovou novas sanções proibindo empresas europeias de exportarem petróleo ou investirem no país.

Nesta sexta, o chanceler norte-coreano, Ri Yong-ho, discursará na Assembleia-Geral da ONU. O diplomata do regime também se reunirá com o secretário-geral da organizaçã­o, António Guterres.

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Facebook afirmou nesta quinta-feira (21) que vai entregar ao Congresso dos EUA 3.000 anúncios políticos pagos por russos para divulgação nos meses da eleição americana de 2016.

A admissão pelo Facebook, no início do mês, de que agentes russos compraram secretamen­te anúncios durante a eleição presidenci­al colocou a rede social no centro da investigaç­ão conduzida pelo promotor especial independen­te Robert Mueller.

Sob pressão para fazer mais a fim de prevenir que a rede social fosse usada para manipulaçã­o de eleições, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, disse nesta quinta que apoia a investigaç­ão do Congresso americano.

Os comitês de inteligênc­ia da Câmara e do Senado investigam a suposta interferên­cia de Moscou na eleição do republican­o Donald Trump, cuja campanha tem laços mal explicados com nomes ligados ao governo russo.

O Facebook havia mostrado a membros do Congresso amostras de anúncios, alguns dos quais atacavam a candidata democrata, Hillary Clinton, e elogiavam Trump.

Os anúncios estariam ligados a uma empresa russa chamada Internet Research Agency, conhecida por usar contas falsas para publicar em redes sociais e fazer comentário­s em sites de notícias, a maioria pró-Kremlin.

O Congresso e o FBI (polícia federal americana) investigam a interferên­cia russa nas eleições, e a possível ligação de integrante­s da equipe de campanha de Donald Trump com esses esforços.

Em julho, o jornal “New York Times” havia revelado que Donald Trump Jr., filho do presidente, se reunira, em junho de 2016, com Natalia Veselnitsk­aia, advogada ligada ao Kremlin.

Participar­am ainda do encontro na Trump Tower Jared Kushner, genro e assessor de Trump, e Paul J. Manafort, o homem então à frente da campanha do republican­o.

 ?? Stephanie Keith/Reuters ?? A embaixador­a americana na ONU, Nikki Haley, discursa em reunião do Conselho de Segurança nesta quinta, em NY
Stephanie Keith/Reuters A embaixador­a americana na ONU, Nikki Haley, discursa em reunião do Conselho de Segurança nesta quinta, em NY

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil