Sistema misto influencia tática de campanha alemã
Modelo, que foi proposto no Brasil, prevê votos paralelos em candidato local e em partido
Parlamento varia de tamanho, e candidatos a chanceler se veem obrigados a falar de problemas locais
Não há, na Alemanha, “microtargetting” —a tática de criar peças de propaganda e discursos específicos para cada nicho do eleitorado.
Há lugares fixos para pôsteres e é comum os de candidatos a chanceler coabitarem a parede dos de representantes locais de outro partido.
O custo das campanhas também é baixo: o governo federal e mensalidades de membros dos partidos pagam a maior parte das despesas, enquanto doações individuais e de empresas compõem um terço dos custos.
Não há limite para doação privada, mas contribuições acima de € 10 mil (R$ 37,4 mil) devem ser identificadas.
Nas últimas eleições, em 2013, o SPD fez a campanha mais cara, € 23 milhões, seguido pela CDU, com € 20 milhões. Lembrete: esses valores são distribuídos entre todos os candidatos combinados, inclusive os líderes, candidatos a chanceler.
No Brasil, em 2014, a campanha do PT consumiu R$ 1,1 bilhão e a do PSDB, R$ 1 bilhão, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (ou R$ 1,3 bilhão e US$ 1,2 bilhão em valores corrigidos — € 350 milhões e € 320 milhões).
Outra regra importante é a cláusula de barreira: partidos que deixem de obter 5% do voto nacional ou consigam menos de três cadeiras no voto direto são excluídos do Parlamento, e a participação dos demais é recalculada. A ideia é que grande fragmentação partidária evita o consenso e provoca instabilidade.
Ela acaba por ter um efeito direto na formação das coalizões, quando um dos parceiros tradicionais de coalizão é barrado. Neste ano, a expectativa é que sete partidos, entre eles o FDP e o AfD (direita populista), entrem no Parlamento, número recorde.
“Sempre foi para ser um sistema multipartidário, e a tradição pós-Segunda Guerra tem sido governo de coalizão, com o consenso construído por dois partidos, um maior e outro menor. Mas nos últimos tempos o cenário se fragmentou”, diz David-Wilp.
“Os maiores partidos, CDU e o SPD, se mesclaram no centro e suas identidades ideológicas também, deixando um vácuo que permitiu que grupos nas margens da direita e da esquerda começassem a ter mais apelo a suas bases.”
No máximo um mês após a eleição, coalizões formadas, o Parlamento elege chanceler o líder do principal partido. Não há limite de mandatos. Helmut Kohl (1982-98) é, por ora, o recordista. Vigora o chamado sistema proporcional, que leva em conta na divisão das cadeiras toda a votação dada nos candidatos do partido ou da coligação, além do voto na legenda Proposta recusada previa eleição dos candidatos mais votados no Estado
ideológicas também, deixando um vácuo que permitiu que grupos nas margens da direita e da esquerda começassem a ter mais apelo