Emprego formal tem nova alta, mas ainda não anima
Economia cria 35,5 mil postos em agosto e acumula 5 meses seguidos positivos para o mercado de trabalho
Para economista da USP, país passa por uma estabilização das vagas com carteira assinada, e não por crescimento
O mercado de trabalho brasileiro continuou a dar sinais de recuperação em agosto, mas a melhora não é suficiente para garantir um resultado positivo em 2017.
O país criou 35,5 mil postos com carteira assinada em agosto, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Foi o quinto mês seguido com resultado positivo. O governo comemorou que, pela primeira vez no ano, todas as regiões apresentaram saldo positivo em agosto.
O Ministério do Trabalho evita dar uma previsão para 2017. Para o coordenador-geral de estatísticas, Mário Magalhães, não dá para dizer que 2017 terá saldo positivo.
“Quem tiver uma vela pode acender, quem tiver Ave Maria pode rezar”, disse.
No acumulado de janeiro a agosto, o saldo está positivo, com a criação de 163,4 mil vagas. Em igual período do ano passado, o resultado era negativo em 651,2 mil.
Na avaliação do professor USP Hélio Zylberztajn, agosto manteve a tendência dos últimos meses. “Ainda não é crescimento, é estabilidade no nível de emprego formal.”
Zylberztajn prevê que o resultado ao fim do ano será negativo. Para ele, o saldo deve subir até novembro, mas o alto número de demissões que costuma ocorrer em dezembro deve derrubar o resultado para o negativo.
A boa notícia, de acordo com ele, é que o saldo será bem menos negativo que o de 2016, quando superou 1 milhão de vagas fechadas.
Apesar do resultado positivo até agosto, o saldo dos últimos 12 meses é negativo em 544,6 mil vagas.
O economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) Bruno Ottoni também prevê um resultado no vermelho, com saldo negativo menor que 500 mil. “A recuperação do mercado formal de trabalho está sendo lenta e gradual, assim como a da atividade.”
O mês de dezembro apresenta, em todos os anos, um forte resultado negativo. O principal motivo são as demissões que ocorrem depois das contratações que são feitas no segundo semestre para alimentar o aumento da atividade no fim do ano.
“Esse dezembro é uma caixinha de surpresas”, afirmou o representante do Ministério do Trabalho.
Por outro lado, o governo lembra que os picos das contratações costuma ocorrer em setembro ou outubro, quando as indústrias ainda estão produzindo para as vendas de fim de ano e os setores de serviço e comércio contratam mais trabalhadores para se preparar para esse período.
Outro dado positivo de agosto destacado pelo governo é que a indústria de transformação garantiu 12,9 mil novos postos de trabalho. Serviços, comércio e construção civil também contrataram mais do que demitiram. Por outro lado, a agropecuária fechou 12,4 mil vagas.