Folha de S.Paulo

SINAISDEAL­ERTA

- THIAGO AMÂNCIO

Comportame­ntos que podem indicar plano de suicídio

> Falar sobre querer morrer > Procurar formas de se matar > Falar sobre estar sem esperança ou não ter propósito de vida > Comentar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportáv­el > Falar que é um peso para os outros > Aumento no uso de álcool e drogas > Agir de modo ansioso, agitado ou irresponsá­vel > Dormir muito ou pouco > Isolar-se > Demonstrar raiva > Ter alterações de humor

Todos os dias, em média, 30 pessoas tiram a própria vida no Brasil. Entre 2011 e 2015, houve 55.649 casos do tipo no país –média de 11 mil por ano, segundo dados divulgados nesta quinta (21) pelo Ministério da Saúde.

O problema tem avançado. Em 2010, foram registrado­s 10.490 casos de suicídio. Em 2015, 11.736 —aumento de 12%. A taxa de casos de suicídio no país é de 5,5 mortes para cada 100 mil habitantes.

O problema atinge, na maior parte, homens (79% dos casos), cuja taxa de ocorrência nesse tipo de mortes é de 8,7 por 100 mil habitantes. Já entre mulheres é de 2,4/100 mil habitantes. A principal causa dessas mortes (62%) é por enforcamen­to.

É a primeira vez que o Ministério da Saúde divulga esses dados em forma de boletim epidemioló­gico, como faz com outras doenças, como dengue e gripe.

A pasta diz ter como meta reduzir a mortalidad­e por suicídio em 10% até 2020, promete expandir os Caps (Centro de Atenção Psicossoci­al) a regiões de maior risco e vai elaborar campanhas de prevenção com profission­ais de saúde.

Neste mês, o ministério vai expandir para mais oito Estados a parceria com o CVV (Centro de Valorizaçã­o à Vida, entidade que trabalha com prevenção ao suicídio).

Carlos Correa, coordenado­r do CVV, diz que “reconhecer o problema e publicar esses números é um grande passo” para tratar o problema.

“Eu não consigo explicar o que acontece, mas tenho hipóteses. Talvez [o cresciment­o nas taxas de suicídio] esteja associado a mudanças na sociedade. Existe uma falta de comunicaçã­o entre as pessoas, de amorosidad­e, um olhar mais afetivo”, afirma.

Para Fátima Marinho, diretora do Departamen­to de Doenças e Agravos Não Transmissí­veis do Ministério da Saúde, houve, na verdade, um aumento nos registros, por dois fatores: a população está mais informada e a pasta passou a investigar melhor casos prováveis de suicídio. Ela acredita que o número real de casos se mantém estável no país.

“Eu só consigo prevenir aquilo que eu conheço. Está na hora de começar a trabalhar o problema do suicídio. A gente tem que chamar a sociedade a ser solidária com as pessoas que estão em sofrimento. Não evitar, não chamar o outro de fraco”, diz.

No mundo, a média é de 10.490 2011 PERFIL DAS VÍTIMAS POR SEXO Homens Mulheres 2,4 POR IDADE de 5 a 19 anos 1,7 20a29 30a39 40a49 50a59 60a69 6,8 70 ou mais 2012 7,4 7,9 7,7 8,9 800 mil suicídios por ano, de acordo com dados da OMS de 2014, e o problema é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. JOVENS E INDÍGENAS No Brasil, o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos —a principal são agressões. Proporcion­almente, no entanto, o problema atinge mais os idosos. A taxa de mortalidad­e por suicídio entre pessoas com mais de 70 anos chega a 8,9 a cada 100 mil habitantes entre 2011 e 2015. Entre jovens de 20 a 29 anos, é de 6,8 casos a cada 100 mil habitantes.

Os povos indígenas são os mais vulnerávei­s: se entre brancos a taxa de mortes por

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