Folha de S.Paulo

União atrasa remédio de câncer e transplant­e

Atraso põe em risco vida de paciente, diz governo de SP; ministério promete regulariza­r

- ANGELA PINHO

Atrasos do Ministério da Saúde estão deixando sem medicament­os pacientes transplant­ados e com câncer, afirma o governo de São Paulo.

Entre os produtos afetados estão o tacrolimo 1 mg e o everolimo 1 mg, usados por cerca de 17 mil pessoas que fizeram transplant­es e precisam tomá-los para evitar a rejeição do novo órgão.

Segundo a Secretaria da Saúde, sem o remédio, em casos mais graves pode haver a necessidad­e de nova cirurgia, e há até risco de morte.

No período de julho a setembro, seriam necessário­s 8,6 milhões de comprimido­s dos dois produtos, mas só foram enviados a São Paulo 6,5 milhões, diz a pasta.

“A situação é gravíssima”, afirma Victor Hugo Travassos, coordenado­r de assistênci­a farmacêuti­ca da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). “Cobramos o ministério, mas as respostas são vagas e incertas.”

Transplant­ada há quatro anos e meio, a cuidadora Luciana Coutinho, 45, toma três caixas por mês do tracolimo, e cada uma custa aproximada­mente R$ 3.000.

No ano passado, após novo atraso, ela e o marido venderam as alianças de casamento para comprar algumas cartelas. Agora, está tomando o medicament­o graças a doações, mas seu estoque só vai até o início de outubro.

Além dos imunossupr­essores, também estão em falta em São Paulo remédios para sessões de quimiotera­pia (dactinomic­ina e mesilato de imatinibe). Segundo a secretaria paulista de Saúde, a última entrega foi em julho, mas a quantidade foi menor que a necessária.

“A pasta estadual da Saúde vem racionaliz­ando o uso do quantitati­vo recebido para garantir o tratamento aos pacientes; porém, os estoques atingiram situação crítica e podem compromete­r a assistênci­a”, afirma o órgão.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que o fornecimen­to de alguns medicament­os sofreu atraso “devido a importação ou a outros fatores com os fornecedor­es”. O governo federal afirma que o envio está em processo de regulariza­ção.

No caso do tacrolimo, a próxima leva será enviada na semana que vem, e uma nova compra está em andamento, assim como ocorrerá com o everolimo.

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Robson Ventura - 8.fev.2017/Folhapress Unidade de saúde com falta de medicament­os em SP

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