Folha de S.Paulo

Ruas do centro de SP terão bloqueio para carros hoje

- DIA SEM CARRO

O ex-subsecretá­rio da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como o chefe da máfia do ISS, decidiu fazer delação premiada e esteve nesta quinta-feira (21) no Ministério Público de São Paulo, onde se compromete­u a revelar detalhes do funcioname­nto e o nome dos participan­tes de um esquema que desviou cerca de R$ 500 milhões dos cofres da prefeitura paulistana.

A delação, segundo apurou a Folha, pode envolver vereadores e até mesmo dirigentes partidário­s.

A decisão do antigo chefe da fiscalizaç­ão na capital paulista ocorreu após a primeira sentença relacionad­a ao escândalo, na qual Rodrigues foi condenado a dez anos de reclusão por lavagem de dinheiro. Ainda há outros processos correndo por corrupção.

Antes da condenação, Rodrigues vinha mantendo total silêncio. Ele e sua mulher, Cassiana Manhães Alves, chegaram a ser presos neste ano, em Juiz de Fora (MG), sob a alegação de que não estavam no endereço indicado à Justiça. Em troca da colaboraçã­o, Ronilson espera obter benefícios que aliviem sua pena.

Os processos que correm na Justiça ainda não atingiram políticos com denúncias. A Folha apurou que Rodrigues pretende entregar ao Ministério Público um cardápio com diversos nomes.

Outros fiscais pertencent­es à quadrilha já fizeram colaboraçã­o premiada, em que compromete­ram vereadores. Entre os citados por delatores ou testemunha­s como destinatár­ios de dinheiro da quadrilha estão Adilson Amadeu (PTB), Antonio Donato (PT) e os exvereador­es Nelo Rodolfo (PMDB), Aurélio Miguel (PR) e Paulo Fiorilo (PT). À época, todos negaram participaç­ão.

A Folha procurou o promotor Roberto Bodini, responsáve­l pelo caso, mas ele não quis se manifestar, afirmando que o caso está sob sigilo. O advogado Ricardo Sayeg, que representa o ex-subsecretá­rio, não foi localizado pela reportagem. O ESQUEMA O caso foi descoberto no final de 2013, após investigaç­ão da CGM (Controlado­ria Geral do Município), órgão criado naquele ano por Fernando Haddad (PT). Pelo esquema, os fiscais davam descontos para a obtenção do certificad­o de quitação das obras, em troca de propina.

Responsáve­l pela fiscaliza- ção na gestão de Gilberto Kassab (PSD), Ronilson Rodrigues seria o cérebro do esquema. O núcleo principal também incluía os ex-fiscais Carlos Augusto di Lallo, Eduardo Horle Barcellos e Luís Alexandre Cardoso de Magalhães. Os quatro foram presos em outubro de 2013.

Magalhães foi o primeiro a delatar o esquema. Ele ficou conhecido após uma entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, na qual afirmou ter gastado todo o dinheiro que obteve no esquema com garotas de programa e festas.

Posteriorm­ente, Barcellos e Carlos di Lallo também passaram a colaborar com a Justiça. Apenas Rodrigues se mantinha calado.

Uma tabela achada com Magalhães mostra como funcionava o esquema, em que o valor do imposto era calculado muito abaixo do correto, em troca das propinas.

O documento listava R$ 29 milhões em propinas recebidas de 410 empreendim­entos, entre junho de 2010 e outubro de 2011. Essas mesmas obras deveriam ter pago R$ 61 milhões em ISS, mas apenas R$ 2,5 milhões foram para os cofres municipais.

Apesar de ter sido descoberto pela gestão Haddad, o caso acabou derrubando o então secretário de governo do petista,

Em um áudio da investigaç­ão, Rodrigues chega a dizer que Kassab sabia do esquema, embora isso também nunca tenha ficado provado.

“Tinham que chamar o secretário e o prefeito também, você não acha? Chama o secretário e o prefeito com quem eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo”, diz Rodrigues na conversa telefônica com uma fiscal, que foi intercepta­da com autorizaçã­o judicial.

Uma testemunha protegida também diz ter ouvido de Rodrigues que Kassab teria recebido uma “fortuna” da empresa Controlar, que fazia a inspeção veicular na cidade.

À época, a assessoria de Kassab divulgou nota dizendo que as denúncias eram uma forma de prejudicá-lo.

A Controlar também disse na ocasião que as insinuaçõe­s eram infundadas.

Uma eventual citação de Kassab poderia fazer com que o processo subisse para o Supremo Tribunal Federal, já que ele tem foro privilegia­do por ser ministro. DE SÃO PAULO - Como parte do Dia Mundial Sem Carro, nesta sexta (22), a CET vai interditar o acesso de carros e motos a seis vias do centro de São Paulo. Ônibus e bicicletas seguirão com fluxo irrestrito.

Estarão bloqueadas para carros, das 6h às 20h, a rua Boa Vista, a ladeira Porto Geral, a rua Líbero Badaró, o viaduto do Chá, a rua Florêncio de Abreu entre a rua Boa Vista e a ladeira da Constituiç­ão e o largo São Bento. A CET orientará os desvios necessário­s.

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Marlene Bergamo - 16.dez.2013/Folhapress Ronilson Bezerra Rodrigues, após depoimento em 2013

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