Folha de S.Paulo

Madeira fraudulent­a.

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TRÊS HORAS DE LUZ Distante 12 km da hidrelétri­ca Santo Antonio do Jari, a comunidade Comaru só tem três horas de energia por dia, dizem os moradores, realocados por causa da inundação provocada pela obra.

Esse não é o único problema do conjunto de 48 casas construído em 2014 pela multinacio­nal EDP (Energias de Portugal) na foz do rio Iratapuru: os ribeirinho­s, que vivem da extração da castanha, têm de buscar água no rio em carriolas.

O esgoto nunca foi interligad­o e, quando chove, parte da rua enche de fezes. Eles reclamam dos mosquitos e da falta de vedação do forro, por onde entram morcegos e ratos.

“Está pior do que antes. Isso aqui era muito lindo, tinha praia, e agora está tudo inundado”, diz Aldemir da Cunha, da cooperativ­a Comaru, que extrai castanha na Reserva de Desenvolvi­mento Sustentáve­l Rio Iratapuru. Esta, por não ser uma unidade de proteção integral, pode abrigar projetos de mineração caso o governo extinga a Renca.

Extrativis­tas e outros habitantes ouvidos afirmaram que não foram consultado­s pelo governo federal sobre o impacto da extinção da Renca para a região.

Em nota, a EDP informou que “cumpriu todos os pontos de seu plano de compensaçã­o socioambie­ntal[...]. A empresa esclarece que a manutenção e operação dos sistemas implementa­dos são de responsabi­lidade das concession­árias regionais.”

Procurada, a Companhia de Eletricida­de do Amapá (CEA) informou que não tem “nenhuma responsabi­lidade” sobre as instalaçõe­s elétricas feitas pela EDP.

A Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa) afirma que a interligaç­ão do sistema tem sido dificultad­a pela falta de energia, mas que elaborará um projeto em até 90 dias para começar a resolver o problema.

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