Folha de S.Paulo

Livro de jornalista aborda vida em família disfuncion­al

‘O Castelo de Vidro’ é o volume 7 da Coleção Folha e sai no domingo (24)

- AMANDA LUZ

Obra de Jeannette Walls originou filme recente com Brie Larson, Naomi Watts e Woody Harrelson FOLHA

Aos três anos de idade, Jeannette queimou todo o lado direito do corpo ao cozinhar, de pé sobre uma cadeira à beira do fogão, salsichas para o almoço.

Ela seria retirada à força do hospital três semanas depois, nos braços do pai bêbado e carismátic­o, que considerav­a os cuidados médicos desnecessá­rios.

Essa é a memória mais antiga da jornalista americana Jeanette Walls e dá o tom da autobiogra­fia “O Castelo de Vidro”, que chega às bancas no próximo domingo (24), pela Coleção Folha Mulheres na Literatura.

O livro, originalme­nte lançado em 2005, revela o passado até então secreto da colunista social, que frequentav­a as altas rodas de Nova York enquanto sua mãe, semteto, revirava o lixo de Manhattan atrás de comida.

A narrativa surpreende­nte vendeu mais de 2,7 milhões de cópias, foi traduzida em 30 idiomas e ganhou adaptação no filme homônimo, com os atores Brie Larson, Naomi Watts e Woody Harrelson nos papéis principais.

Criados por um pai alcoólatra que levava a vida de forma quixotesca e uma mãe emocionalm­ente instável que passava os dias a pintar quadros, Jeanette e os irmãos Lori, Brian e Maureen cresceram na ambivalênc­ia do anseio por uma vida mais estável e o desejo pela aventura.

Os três eram encorajado­s a ter grandes sonhos ao mesmo tempo que viviam uma vida nômade pelo interior dos EUA, em condições precárias e sendo alvo de abusos físicos e psicológic­os.

“O valor da qualidade de uma obra pode estar na sua capacidade expressiva de trabalhar uma linguagem e, em outro momento, ao narrar histórias envolvente­s calcadas na experiênci­a pessoal”, diz o crítico Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha e curador da coleção.

O best-seller de Walls reconta, de forma sensível, o passado e cria uma história de superação sem cair na armadilha de analisar psicologic­amente os pais, demonizá-los ou enaltecê-los.

A partir do ponto de vista ingênuo de uma criança, a autora reconstitu­i os fatos de sua biografia, destacando a resiliênci­a e inteligênc­ia dela e dos irmãos para construíre­m um novo futuro para eles mesmos.

Ao mesmo tempo, Walls se reconecta com o passado na tentativa de aceitar quem é.

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Divulgação Brie Larson como Jeannette Walls na adaptação de ‘O Castelo de Vidro’ para o cinema

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