Folha de S.Paulo

The Who recompensa espera de décadas com som furioso

- THALES DE MENEZES

Mais de meio século depois de sua formação, a banda inglesa The Who fez seu show de estreia no Brasil na noite de quinta (21), no primeiro dos quatro dias do São Paulo Trip. E a longa espera foi totalmente recompensa­da.

Nenhuma outra das bandas programada­s no festival causava tanta expectativ­a.

O Who tem papel definitivo na história do rock, mesmo tendo lançado apenas um disco de inéditas nos últimos 37 anos. Ao lado dos Beatles e dos Rolling Stones, foi protagonis­ta da invasão inglesa nos EUA dos anos 1960 e criou um subgênero na música para jovens, a ópera-rock.

Quando pisaram no palco do Allianz Parque, o cantor Roger Daltrey e o guitarrist­a e compositor Pete Townshend transmitir­am um som furioso. Abriram com “I Can’t Explain”, emendando “The Seeker”, “Who Are You” e “I Can See for Miles”.

Aos 73 anos, Daltrey surpreende com o vozeirão em forma. Preserva o mesmo gestual que apresentou no Festival de Woodstock, em 1969, girando o microfone no ar e fazendo suas poses de durão.

Pete Townshend, embora um ano mais novo, parece sentir mais a idade. Mas nada que impeça suas poses de “herói da guitarra”, pulando feito louco e girando o braço num movimento amplo a cada acorde mais contundent­e.

Dá para imaginar como deve ter sido bom vê-los em ação ao lado dos outros fundadores, o baterista Keith Moon, morto em 1978, e o baixista John Entwistle, morto em 2002, ambos por overdose.

Ficou claro que, na comparação das duas óperas-rock de Townshend, “Tommy” (1969) e “Quadrophen­ia” (1973), o público conhece mais a primeira. Efeito da popularida­de da adaptação da história para o cinema, em 1975, na qual o próprio Daltrey fez o papel do garoto cego, surdo e mudo que se torna um campeão de fliperama.

Townshend repetiu várias vezes que era seu primeiro show no Brasil e parecia emocionado. Daltrey falou menos, mas sorriu o tempo todo.

Se Moon é considerad­o por muitos o melhor baterista da história do rock, o Who achou um ótimo substituto, de sangue real: Zak Starkey, filho de Ringo Starr. Sua performanc­e foi incrível, tendo seu ápice em “Amazing Journey”.

A sequência final foi matadora: “Pinball Wizard”, “See Me, Feel Me”, “Baba O’ Riley” e “Won’t Get Fooled Again”. Após fechar o bis com “Substitute”, Townshend mandou o público embora. “Go home! Go home!”, gritou, exausto. E todos foram, felizes. AVALIAÇÃO ótimo

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Marcelo Justo/Folhapress Roger Daltrey (esq.) e Pete Townshend durante a apresentaç­ão do The Who em São Paulo

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