Folha de S.Paulo

Impacto na relação com Brasília é pequeno

Relação bilateral foi fortalecid­a sob Merkel, que elevou o Brasil a parceiro ‘de alto nível’

- GUILHERME MAGALHÃES

A provável reeleição da chanceler Angela Merkel neste domingo (24) aponta para a manutenção do atual status da relação bilateral entre Alemanha e Brasil, o que é uma boa notícia.

A importânci­a dessa relação ficou evidente quando, em agosto de 2015, Merkel manteve a visita à então presidente Dilma Rousseff, quando a brasileira já estava mergulhada em uma crise política que culminaria em seu impeachmen­t, um ano depois.

Merkel veio a Brasília com diversos ministros de seu governo na primeira visita após o Brasil ter sido elevado a um seleto grupo com quem Berlim mantém “conversas de alto nível” —entre os emergentes, apenas China e Índia também gozam desse status.

A segunda rodada de conversas intergover­namentais deveria ter ocorrido neste mês na Alemanha, mas a eleição alemã impediu o encontro, que deve acontecer em 2018.

Outro sinal do peso da relação alemã com o Brasil foi a inclusão, em 2012, do país na categoria “Gestaltung­smächte”, nações com potencial para moldar a agenda internacio­nal nas próximas décadas.

Essa classifica­ção também foi dada aos outros Brics —China, Índia, Rússia e Áfri- ca do Sul—, além de México, Indonésia e Vietnã.

“O Brasil tem uma importânci­a estrutural e isso independe do próximo governo”, afirma à Folha Oliver Stuenkel, professor de relações internacio­nais da FGV-SP. “Nesse sentido, o impacto da eleição na relação bilateral será bastante pequeno.”

Mesmo se o atual parceiro de coalizão de Merkel, o SPD (Partido Social-Democrata), vencesse o pleito, não haveria grande diferença, pois a sigla já comanda hoje o Ministério das Relações Exteriores.

Principal parceiro comercial da Alemanha na América Latina, o Brasil abriga cerca de 1.600 empresas alemãs. O volume de negócios entre os dois países em 2016 chegou a US$ 19,4 bilhões.

Dois temas importante­s na agenda bilateral são a reforma do Conselho de Segurança da ONU e a questão ambiental. Junto da Noruega, a Alemanha é o principal doador do Fundo Amazônia, que financia projetos para reduzir o desmatamen­to.

Na visão do Itamaraty, há a expectativ­a da retomada das conversas sobre o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, interrompi­das em meio à eleição. Berlim vê o acordo com bons olhos, mas aguarda-se a formação do novo governo para levar a discussão adiante.

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Roberto Stuckert Filho - 20.ago.15/Presidênci­a da República/Xinhua Merkel com a ex-presidente Dilma, em Brasília, em 2015

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