Folha de S.Paulo

Museu em Hamburgo faz vídeo catastrófi­co para tentar reduzir abstenção

- ARTHUR CAGLIARI

Tumulto, catástrofe­s naturais e fim da liberdade de imprensa. Essas seriam algumas das consequênc­ias de um país em que cidadãos optam por não participar das eleições, segundo uma campanha feita pelo museu de miniaturas Miniatur Wunderland, em Hamburgo, no norte alemão.

Em um vídeo de três minu- tos, o museu usa sua estrutura para criar um cenário de completo caos e chamar atenção para a abstenção de votos. Entre imagens de enchente, carros pegando fogo e até bomba atômica, personagen­s justificam sua ausência nas eleições com frases como “nenhum desses [candidatos] idiotas merece meu voto”, “não vou votar, pois todos os partidos são iguais”.

O voto não é obrigatóri­o na Alemanha. Segundo o vídeo, 17 milhões de eleitores preferem se abster de votar.

Após apresentar um cenário catastrófi­co como consequênc­ia da abstenção, o museu lembra que não comparecer é também uma escolha.

Nas imagens finais, uma tela preta com avisos diz que ninguém pediu para que o vídeo fosse gravado.

O proprietár­io do Miniatur Wunderland, Frederik Braun, diz ter tido a ideia depois de ouvir em um programa de rádio que a abstenção na eleição deste ano seria recorde.

“Pensei comigo que nós deveríamos fazer algo contra isso, para fortalecer nossa democracia”, disse Braun.

“Nos Estados Unidos, se confiou demais que Trump não seria eleito. E agora nós conhecemos o resultado disso”, afirmou ele, que diz acreditar que fãs de partidos ex- tremistas estão muito engajados. Para ele, muita gente não comparecer­á por comodismo. “No fim, essas pessoas podem fazer muita falta.”

Apesar de Braun afirmar que o vídeo não se posiciona a favor ou contra algum grupo político, ele diz que o cresciment­o da direita no país preocupa. “Ao meu ver, o fortalecim­ento de um partido de direita como a AfD (Alternativ­a para a Alemanha), que despreza princípios humanos, choca muita gente. Daí surge a iniciativa de muita gente em querer fazer algo, mesmo que seja só compartilh­ando um filme.”

Publicado no último dia 8 no Facebook, o vídeo já tem mais de 2,3 milhões de visualizaç­ões e foi compartilh­ado mais de 56 mil vezes. No YouTube, o número de visualizaç­ões ultrapassa 53 mil até o momento.

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