Folha de S.Paulo

América Latina precisa sair da ideia mágica de redenção

PARA FILÓSOFO ITALIANO, REGIÃO PRECISA TROCAR IDEAL DE POVO MÍTICO IMISCUÍDO EM RELIGIÃO POR PRAGMATISM­O

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rica Latina, há uma esquerda social-democrata e uma outra, que chamo de redentiva. Esta é a que está aprisionad­a a uma ideia da América Latina que tem mais a ver com seus sonhos e com suas frustraçõe­s do que com a realidade.

Isso faz mal à América Latina porque a região precisa sair do pensamento mágico da redenção. Precisa de uma cultura política, seja de esquerda ou de direita, pragmática. Que não fale de grandes ideologias e sim de solucionar problemas concretos. Antes era mais fácil definir o que era uma ditadura na América Latina do que hoje? Nos anos 1970, havia golpes de Estado, generais no poder. Hoje é mais difícil? Alberto Fujimori [Peru 1990-2000] e Maduro, eleitos pelo voto popular, são ditadores?

Houve um tempo em que era mais fácil identifica­r. Se votava, era uma democracia. Não se votava, era uma ditadura. Já há algum tempo isso é mais complexo.

A principal distinção é entre o que é uma democracia e o que não é uma democracia. Entre o que não é democracia, há várias definições.

Os elementos da democracia são o pluralismo, o voto, a separação de poderes e a competição entre atores distintos. Se já não se dá essa competição, ou se há eleição, mas com o campo de futebol inclinado, como é na Venezuela, então não é uma democracia.

E tem de haver Estado de Direito. Se eu sofro com um arbítrio de uma autoridade, tenho que poder me dirigir a uma instância e ter garantias de que estou protegido. Em um sistema não democrátic­o, essa garantia não existe.

“nação católica é populista, pois se “há um Estado totalitári­o, porque o chavismo se apresenta como a nova religião, que fundou uma nova ordem. Ou seja, há uma ideologia. Chávez mudou os símbolos nacionais

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