UFMG investiga casos e exigirá carta de inscritos
DO ENVIADO A BELO HORIZONTE
A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) informou que pretende aprimorar o controle de acesso em suas ações afirmativas a partir de 2018 e que uma comissão de sindicância analisa todas as denúncias formais de possíveis fraudes em cotas.
A universidade não revela quantos casos estão em análise, mas declara que, se constatada fraude, o aluno terá sua matrícula cancelada. Os trabalhos de investigação estão em fase final.
“São diversas as informações sobre percepções de fraude, mas só podemos agir diante denúncias formalizadas na ouvidoria”, diz Rodrigo Ednilson de Jesus, pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis. “A participação do aluno é fundamental para o aprimoramento da política de cotas.”
Segundo ele, o alerta de possíveis falhas ajuda. “Mas não podemos nos pautar apenas pelo juízo das pessoas, pois isso pode fragilizar a política afirmativa, que tem como base a autodeclaração. A possibilidade de defesa está sendo irrestrita”.
Segundo o pró-reitor, a universidade se concentrou, nos últimos anos, em aprimorar o acesso e a permanência do beneficiado por cotas e, agora, é preciso aperfeiçoar o sistema de entrada.
Além da autodeclaração, a universidade passará a exigir dos postulantes a um vaga por cotas raciais uma carta formal em que ele relate elementos que o fazem se reconhecer socialmente como negro, pardo ou índio.
“A carta será um documento que ficará em poder da universidade e que será confrontada em casos de dúvida. A ideia é que o sujeito se identifique com a máxima responsabilidade, mostrando sua relação social com a raça”, declara Jesus.
A universidade pretende começar em breve um processo de divulgação da medida em escolas públicas, além de fazer alertas para que alunos não façam a “a autodeclaração racial vazia”.
Também a partir de 2018, todos os cursos da pós-graduação da UFMG devem contar com cotas raciais, que destinarão entre 20% e 50% das vagas ao público alvo. (JM)