Folha de S.Paulo

Diferentes em tudo

- PAULO VINÍCIUS COELHO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

O CORINTHIAN­S tem chance de escalar hoje o time que nunca perdeu. A base de Fábio Carille tem Cássio, Fagner, Balbuena, Pablo e Arana; Gabriel e Maycon; Jádson, Rodriguinh­o e Romero; Jô.

Com os onze juntos, o Corinthian­s disputou onze partidas em 2017, venceu sete, empatou quatro, não foi derrotado nenhuma vez.

Compare com a escalação do São Paulo do primeiro turno: Renan Ribeiro, Douglas, Lucão e Maicon; Marcinho, Jucilei, Milittão e Júnior Tavares; Cícero; Gilberto e Pratto. Renan Ribeiro, Cícero e Gilberto são reservas, Marcinho está machucado, Júnior Tavares e Jucilei treinaram durante a semana, mas não são titulares, Militão trocou a cabeça de área pela lateral direita, Douglas está na Chapecoens­e, Lucão no Estoril, Maicon no Galatasara­y.

Muricy Ramalho lembra-se de que o São Paulo, há dez anos, procurava jogadores que se encaixasse­m ao estilo de jogo. Quem define e mantém um jeito de jogar tem mais chance de vencer.

Há dois anos, Tite imaginava Maycon para o lugar de Elias. O antigo titular não está bem no Atlético-MG. Maycon pode ser campeão brasileiro.

O Corinthian­s é um caso raro no Brasil.

Outro era o Santos. Quando Luis Álvaro dizia que o clube tinha DNA, era verdade. O Santos desta década joga com a bola no pé, troca de passes e no ataque. Com Leandro Donizete pode ficar diferente.

Há duas semanas, no programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, Levir Culpi opinou sobre a razão de o Brasileirã­o ter mais vitórias de quem tem menos posse de bola. Afirmou que o espaço diminuiu pelo preparo físico dos jogadores. É verdade.

Isto deveria exigir a criação de novas estratégia­s de ataque, não de contra-ataque.

Logo depois de lançar “A Pirâmide Invertida” no Brasil, em 2016, o jornalista inglês Jonathan Wilson, autor do livro, disse que o Brasil é um país rico do ponto de vista tático. Sua explicação: “Quando falamos em tática, parece que falamos em defesa. Não é só isso. É importante ter estratégia­s ofensivas, como o Brasil tinha até os anos 1970”.

O São Paulo de 2007 e o Corinthian­s de 2017 são exemplos de equipes seguras, não de repertório ofensivo. Sabem o que querem e isto é bom. Não dão espetáculo —e nem precisam. “O São Paulo aceitou um jeito de jogar que exigia marcação forte. Como o Corinthian­s agora”, afirma Muricy.

Este ano dá lições especiais. Quem contrata pela repercussã­o quebra a cara.

Em fevereiro, questionad­o sobre a venda do volante Walace, o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, respondeu que tinha um elenco forte e jovem. Citou Arthur. É a diferença entre quem conhece futebol e quem apenas o ama.

O Grêmio é o único sobreviven­te brasileiro na Libertador­es, porque apostou em jogadores talentosos e desconheci­dos, como Michel, e porque formou Luan e Arthur. Você os conhecia há dois anos?

O Corinthian­s é o líder do Brasileirã­o porque, no ápice da crise, sem saber para onde ir, escolheu Fábio Carille, parte da formação do estilo de jogo desde Mano Menezes, 2009, até Tite, 2016.

O São Paulo desespera-se, porque desmontou uma equipe e montou outra no meio do ano.

A bola até entra por acaso. Mas o trabalho ajuda bem.

Corinthian­s é o líder porque escolheu Fábio Carille, que manteve estilo; São Paulo montou e desmontou times

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