Folha de S.Paulo

[Lombardi] saíamos pela praia espremendo cravo dos outros”, lembra o ator.

Diz que

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recentemen­te foi sondado para fazer um filme com Brad Pitt e Tommy Lee Jones. “Respondi: ‘Meus queridos, não me enlouqueça­m. Meu inglês não está com essa bola toda’. Posso decorar a fala, fazer a cena. Mas como vou falar com a continuíst­a ou com o maquiador?”

Antes de entrar em cena, pede proteção à mãe, “que está sempre comigo”, e a Marília Pêra (1943-2015), sua madrinha de formatura na EAD. “Sinto tremendame­nte a falta dela. Falávamos todo dia.”

Católico não crismado, Ney carrega na orelha esquerda um brinco com o brilhante tirado de um anel que a mãe usou até morrer, em 1994, aos 71 anos. “De vez em quando a Claudia Raia tenta pegar para ela”, brinca.

Diz que a sugestão de adaptar a joia foi de Fernando Henrique e de Ruth Cardoso. “A morte da minha mãe foi o momento mais triste da minha vida. Eles sugeriram que eu fizesse algo para usar e me lembrar dela.”

“A essa altura, não dá mais para falar de sexualidad­e. Recentemen­te, o Caetano [Veloso] disse em entrevista que é ‘sexos’. Eu tenho todos os sexos. Você não precisa entrar em uma suruba. Em um olhar ou aperto de mão pode ter milhões de sensações. Até comer é um ato sexual.”

A complicaçã­o que enfrentou por causa da cirurgia na vesícula, em 2012, foi “um divisor de águas”. “Todo mundo achava que eu ia morrer. Mas voltei. Poucas pessoas têm essa segunda vida.” Ney parou de fumar há 14 anos e não bebe mais.

“O tempo passou a ser muito importante”, segue. “Virou um grande aliado para eu fazer as coisas que quero ou para não fazer nada.”

Afirma não ter medo da solidão. Da morte, sim. “Ela vai tirar de mim as coisas que eu tenho e que são lindas.”

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