Mesmo mais votadas, eleitas ‘puxam’ homens
No ano passado, mulheres foram as mais votadas para vereador em quatro capitais —Porto Alegre, Belém, Recife e Belo Horizonte. Mas seu sucesso favoreceu a eleição de homens do mesmo partido.
Em Porto Alegre, só 11% dos eleitos foram mulheres, apesar de a maior votação ter sido para uma mulher.
Apenas em BH, os votos para Áurea Carolina (PSOL) ajudaram a eleger outra vereadora, Cida Falabella (PSOL).
Mariana Merlo, da USP, aponta que dificilmente “outsiders” são eleitas: ou já atuavam ou têm parentes políticos. “É complicado depender disso pra ter sucesso.”
Áurea Carolina integra o primeiro grupo: desde adolescente milita em entidades de direitos humanos e feministas. Foi cantora de hip hop e subsecretária de Políticas para Mulheres em Minas.
A vereadora afirma que, mesmo eleita, continua enfrentando resistência. “Existe um mito de que as mulheres são menos capazes.”
Lígia Sica, coordenadora do Núcleo de Direito, Gênero e Diversidade da FGV-SP, nota que as mulheres têm procurado contornar obstáculos atuando fora dos partidos.
É o caso da organização Fast Food na Política, criada em 2015 para disseminar a consciência e a informação política por meio de jogos.
Para duas fundadoras, Lays Morimoto e Júlia Fernandes de Carvalho, a situação na política está ligada questões sociais e culturais, como a dupla jornada.
Fernanda Brollo, da Universidade de Warwick, concorda: “O Brasil precisa garantir políticas públicas de igualdade de gênero em diversas áreas, e o sistema educacional deve apoiar essa mudança de atitude”.
Partidos e coligações devem preencher um mínimo de 30% de candidatas mulheres
Partidos devem destinar mínimo de 5% e máximo de 15% do financiamento público de campanha para mulheres
Partidos devem usar no mínimo 20% da propaganda eleitoral para promover participação feminina