Folha de S.Paulo

Dodge defende PGR forte para barrar ‘posições totalitári­as’

Na 1ª declaração pública desde sua posse, ela afirmou que harmonia entre Poderes é requisito para a estabilida­de

- REYNALDO TUROLLO JR.

A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, disse nesta segunda (25) que o avanço de correntes de pensamento totalitári­as, no Brasil e no mundo, requer o fortalecim­ento do Ministério Público para restabelec­er a confiança nas instituiçõ­es e na democracia.

Dodge discursou na cerimônia de posse de 10 dos 14 conselheir­os do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) nomeados para o biênio 2017-2019.

Criado em 2004, o conselho é presidido pela procurador­ageral e encarregad­o da fiscalizaç­ão administra­tiva, financeira e disciplina­r do Ministério Público e de seus membros em todo o país.

“Estudos apontam que em todo o mundo e também no Brasil a democracia está sendo desafiada pelo cresciment­o do número de apoiadores de posições totalitári­as. Diminui a confiança nas instituiçõ­es, apontam pesquisado­res”, disse Dodge.

“O fortalecim­ento do Ministério Público, papel deste conselho [CNMP], deve contribuir para aumentar a con- fiança na democracia e nas instituiçõ­es de Justiça, como nos incumbiu a Constituiç­ão, repudiando quaisquer cogitações de retrocesso”, afirmou.

Ela falou de modo genérico, sem mencionar quais são as posições totalitári­as em cresciment­o no Brasil. Foi sua primeira declaração pública desde que assumiu o cargo.

A procurador­a-geral retomou trechos do discurso que fez em sua posse, realizada na última segunda (18), e voltou a dizer que o Ministério Públi- co deve atuar com “igual ênfase” nas áreas criminal e de defesa dos direitos humanos.

Novamente, Dodge defendeu o combate à corrupção sem citar a Operação Lava Jato. Também como na posse, afirmou que “a harmonia entre os Poderes é um requisito para a estabilida­de social” e que a Procurador­ia deve atuar com “observânci­a do devido processo legal”.

“Nosso país continua marcado por grande desigualda­de social. A violência urbana e rural atingiu níveis inaceitáve­is, e os jovens são os mais atingidos, compromete­ndo gerações futuras. Os serviços públicos são precários, sobretudo nas escolas e hospitais.”

Além da procurador­a-geral, participar­am da cerimônia de posse o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça do Senado, Edison Lobão (PMDB-MA), e Gustavo do Vale Rocha, membro do CNMP e subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil do governo Temer. Eunício e Lobão são investigad­os pela Lava Jato. CNMP A maior parte das nomeações só foi publicada no “Diário Oficial da União” pelo presidente Michel Temer na última segunda (18), dia da posse de Dodge, apesar de o Senado ter sabatinado e aprovado os nomes ainda em agosto.

Procurador­es ligados ao ex-procurador-geral Rodrigo Janot viram o atraso nas nomeações como represália do presidente Temer. Na prática, o CNMP ficou um mês sem se reunir sob a presidênci­a de Janot por causa da demora na publicação dos nomes.

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Jorge William/Agência O Globo A procurador­a-geral discursou nesta segunda (25) em cerimônia de posse do Conselho Nacional do Ministério Público

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