PT pede investigação de Doria por uso de avião
Jato é do Grupo Doria, do qual tucano se desligou; prefeito nega conflito de interesse ou ‘vantagem indevida’
O PT anexou nesta segunda (25) à representação feita ao Ministério Público de São Paulo um pedido de investigação do uso do avião do Grupo Doria pelo prefeito paulistano, João Doria (PSDB).
A peça tem como base reportagem publicada pela Folha no sábado (23) que mostrou que o Legacy que o tucano diz possuir é de uma empresa do grupo que ele fundou e da qual se desligou.
Para especialistas, a situação pode motivar questionamentos de improbidade administrativa ou conflito de interesses. O mesmo ocorre, segundo professores de direito, no caso da troca de horas de voo com o advogado Nelson Wilians, que defende o prefeito e o Grupo Doria.
Wilians e Doria emprestam seus jatos um ao outro.
A gestão municipal disse que não vê irregularidades, “afinal, não há qualquer relação entre a Doria Administração e Eventos [operadora do avião] e a prefeitura”.
Para Paulo Fiorilo, presidente do PT paulistano, a prática demanda investigação, uma vez que muitas das viagens de Doria são turbinadas pelo Lide, empresa de eventos que também pertence ao grupo fundado pelo tucano.
“É preciso que se coloque luz nessa questão, porque a empresa pode ter interesses [em custear seus deslocamentos]”, justificou o petista.
O partido afirma que as movimentações de Doria têm caráter eleitoral. O tucano nega que esteja em campanha.
O PT também anexará à representação gastos da prefeitura com policiais militares que acompanham Doria. A equipe de segurança recebeu R$ 66 mil adiantados em diárias, mas gastou efetivamente R$ 20 mil e já devolveu R$ 33 mil, disse a prefeitura.
O prefeito afirma que ele próprio custeia os deslocamentos. “Minhas viagens e inclusive os assessores que aqui vieram, vieram no meu avião. [...] Nenhum valor sequer foi retirado dos cofres públicos da cidade”, declarou recentemente. OUTRO LADO A prefeitura afirmou que não há conflito de interesses no uso por Doria de avião de empresa da qual se desligou. “Não há qualquer situação que possa gerar dúvida sobre a probidade ou honorabilidade de Doria”, disse a gestão.
Sobre o uso do avião de seu advogado, a assessoria disse que Doria “o faz no âmbito de um acordo de troca de horas, algo corriqueiro na aviação”.
Segundo a gestão, Doria se refere às próprias despesas quando diz que não onera os cofres públicos com as suas viagens. O tucano dispensa diárias, passagens e hospedagem, mas é obrigado a ser acompanhado por policiais.
Sobre a representação no Ministério Público, a gestão Doria já havia informado que explicaria as viagens. procurada novamente nesta segunda, não respondeu.