Folha de S.Paulo

Em debate, Haddad diz que só é mestre em Economia porque ‘colou’

Ex-prefeito, criticado nas redes sociais pelo comentário, afirma que apenas fez uma piada

- MARIANA CARNEIRO

Mestre em Economia pela USP, o ex-prefeito Fernando Haddad disse que só atravessou os dois anos do curso porque “colou” dos colegas Alexandre Schwartsma­n, economista de linha liberal, ex-diretor do Banco Central e colunista da Folha, e Naércio Menezes, ferrenho defensor da avaliação de resultados de políticas públicas.

Os três são hoje professore­s do Insper, faculdade de economia e administra­ção que acolheu debate promovido pela revista “piauí”, no qual Haddad fez a afirmação.

Schwartsma­n, Naércio e Haddad negam qualquer tipo de cola ou plágio e atribu- em a declaração a uma piada do ex-prefeito de São Paulo.

“Foi uma bobagem do Fernando, ele estava brincando. Também não é verdade que ele não sabe nada de economia”, disse Schwartsma­n. “Não votei nele e não pretendo votar, mas cola não rolou”.

Os três ingressara­m no mestrado no fim dos anos 1980 e defenderam suas dissertaçõ­es em 1990. Schwartsma­n estudou economia brasileira. Naércio, a formação de preços nos oligopólio­s. Haddad dedicou-se à estrutura econômica do regime soviético.

Graduado em Direito, também pela USP, Haddad disse que ingressou no mestrado de economia com apenas dois meses de dedicação para a temida prova da Anpec (Associ- ação Nacional dos Centros de Pós-graduação em Economia).

“Apesar de eu dar uns pitacos na economia de vez em quando, eu estudei dois meses de economia para passar no exame da Anpec. Depois não estudei mais. Porque eu colava um pouco do Alexandre Schwartsma­n e do Naércio Menezes para passar”, afirmou, durante o debate.

“Sou curioso, gosto de economia, leio, sem compromiss­o profission­al, mas aprecio muito”, disse Haddad na noite de 12 de setembro.

A piada não caiu bem nas redes sociais. Alguns economista­s considerar­am “infeliz” a declaração do ex-prefeito e ex-ministro da Educação nos governos Lula e Dilma.

Procurado pela reportagem, Haddad sugeriu que a Folha não tem bom humor. “Você acha que eu falaria uma coisa dessas na frente de 1.000 pessoas?”, questionou. “Sea Folha quer tratar como uma piada de mau gosto tudo bem, mas não há como não tratar como uma piada”.

A escolha do nome de Schwartsma­n tampouco foi aleatória, acrescento­u Haddad. Um dos nomes cotados para representa­r a esquerda na eleição de 2018, o ex-prefeito pretendia marcar a distância entre ele e o liberalism­o encarnado pelo ex-colega.

“Fiz uma brincadeir­a com o Alexandre pelo fato de termos sido da mesma turma e termos tomado caminhos diferentes”, disse. Lisboa e Naércio não comentaram o episódio.

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Bruno Santos - 14.jul.2017/Folhapress O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad em entrevista

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