Premiê antecipa eleição legislativa no Japão
Shinzo Abe tenta manter maioria para avançar em temas como o reforço militar diante da ameaça norte-coreana
Chefe de governo ainda aproveita retomada da popularidade e rivais desorganizados para firmar sua liderança
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou nesta segunda-feira (25) a antecipação das eleições legislativas, em uma tentativa de reforçar sua maioria no Parlamento em um momento de fraqueza da oposição.
A votação, antes prevista para dezembro de 2018, será realizada em 22 de outubro. A Câmara baixa, com 475 cadeiras, será dissolvida na próxima quinta-feira (28), quando termina um recesso parlamentar de três meses.
O apoio do eleitorado ao governo Abe começou a se recuperar depois que os ataques políticos contra ele devido a escândalos se dissiparam durante o recesso.
“Enfrentarei a crise nacional com minha forte liderança”, disse Abe. “Antecipo que as críticas da oposição se concentrarão [nos escândalos], e a eleição será muito difícil.”
No anúncio, Abe citou como um dos principais motivos para a antecipação da eleição é buscar o mandato popular para a sua política de defesa. A intenção é ampliar o potencial ofensivo japonês, o que deve mudar a lógica das forças de autodefesa pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
A ideia de reforço militar ganhou força nas últimas semanas diante da ameaça da Coreia do Norte, que disparou dois mísseis que sobrevoaram o Japão e seria um dos primeiros alvos de um hipotético ataque nuclear do regime de Kim Jong-un.
Analistas acreditam que o partido de Abe irá manter a maioria simples, mas que pode perder a maioria de dois terços dos assentos que mantém no momento em companhia de seu parceiro de coalizão, o partido Komei.
Ainda assim, uma vitória por boa margem pode ajudálo a firmar seu controle do poder. O mandato de três anos de Abe como líder de seu partido termina em setembro do ano que vem, e ele terá de enfrentar correligionários que desafiarão seu domínio.
“Para Abe, a hora é agora. Ele está tirando vantagem do despreparo dos partidos de
SHINZO ABE
primeiro-ministro do Japão oposição e buscando prolongar sua liderança”, disse o cientista político da Universidade de Tóquio Yu Uchiyama.
Legisladores oposicionistas afirmaram que não existe motivo para realizar uma eleição agora. No momento, eles perdem terreno devido a discordâncias internas. RENASCIMENTO O partido do primeiro-ministro recuperou sua popularidade para 50%, 20 pontos a mais que em julho. Na época, ele era questionado pelos legisladores devido às acusações de que teria ajudado um amigo a receber uma licença para instalar uma faculdade.
Pesquisa do jornal “Nikkei” publicada na segundafeira mostra que 44% dos entrevistados pretendem votar no partido de Abe na eleição, e que só 8% pretendem votar em dois partidos opositores.
Isso representa virada significativa em relação a junho, quando Abe sofreu uma derrota devastadora na eleição em Tóquio —o governo da capital passou para as mãos da independente Yuriko Koike.
Ela anunciou a criação de um novo partido, conservador e que pressionará por transparência no governo, pelo avanço das mulheres, eliminação da energia nuclear e outras reformas.
“Vamos criar um Japão no qual haja esperança para todos de que o amanhã será certamente melhor que hoje.”
“a crise com minha forte liderança. As críticas se centrarão [nos escândalos], e a eleição será muito difícil