Folha de S.Paulo

TCM barra edital e emperra privatizaç­ão do Anhembi

- GIBA BERGAMIM JR.

O Tribunal de Contas do Município (TCM) suspendeu edital para contrataçã­o de instituiçã­o financeira que fará a avaliação dos ativos para posterior venda da SPTuris (empresa municipal de turismo e eventos).

A decisão —publicada no último sábado (23) e que não tem prazo para ser revista— emperra a votação do projeto que prevê a privatizaç­ão do Anhembi, uma das mais alardeadas pela gestão do prefeito João Doria (PSDB).

A previsão era que o projeto entrasse na pauta para votação da Câmara Municipal nesta terça (26) a pedido do próprio prefeito, quando poderia ser aprovado em primeira discussão —são necessária­s duas antes de seguir para sanção ou veto do prefeito.

Doria planeja vender a SPTuris num pacote conjunto com as instalaçõe­s do complexo do Anhembi, na zona norte de São Paulo.

Como parte do programa de privatizaç­ões do tucano, a ideia é que quem arrematar a empresa possa explorar as atividades e optar até pela mudança de perfil do Anhembi, voltado hoje para feiras de negócios, Carnaval e shows.

A SPTuris é uma companhia de capital aberto, mas 97% das ações estão nas mãos da prefeitura, que também é dona de 100% do complexo do Anhembi. Segundo recente relatório, a empresa teve prejuízo de R$ 68,4 milhões no ano passado.

A contrataçã­o de um avaliador serve justamente para saber o quanto ela será vantajosa para o mercado. No entanto, um banco que eventualme­nte faça a avaliação pode aparecer no futuro como potencial comprador, o que sugere, segundo o TCM, conflito de interesses.

Outro questionam­ento refere-se aos imóveis pertencent­es à empresa e ao Anhembi, como a área do sambódromo. Não há menção sobre elas, segundo o tribunal.

O pedido de suspensão foi feito por um grupo de vereadores que inclui Eduardo Tuma, do mesmo partido do prefeito (PSDB). Além dele, assinaram o oposicioni­sta Antonio Donato (PT), Davi Soares (DEM) e Isac Felix (PR), ambos da base de sustentaçã­o.

Segundo Tuma, o pedido ocorreu porque o edital só permitia que instituiçõ­es bancárias fizessem a avaliação. Para o grupo de parlamenta­res, ele deveria incluir empresas de consultori­a e assessoria financeira. “Avisei o prefeito que entraria com a representa­ção. A secretaria cometeu erros grosseiros.”

Em nota, a Secretaria de Desestatiz­ação e Parcerias diz que irá apresentar as informaçõe­s necessária­s para retomada do pregão.

Para a pasta, embora o projeto para a venda da empresa ainda não tenha sido votado, era possível iniciar o processo para a contrataçã­o, o que só seria efetivado apos a aprovação em segunda votação. A pasta diz que irá responder aos questionam­entos do TCM.

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Joel Silva - 6.out.2016/Folhapress Sambódromo de SP, que é parte do Anhembi, na zona norte

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