Folha de S.Paulo

Chefe de facção negociou rendição, mas voltou atrás

- HANRRIKSON DE ANDRADE

Familiares de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, um dos protagonis­tas da disputa entre grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas na Rocinha, favela da zona sul do Rio, negociaram a rendição do criminoso até a tarde da última sexta (22), informou o delegado da Polícia Federal Carlos Eduardo Thome nesta segunda (25).

No entanto, a mando do traficante, os parentes abandonara­m as tratativas após as Forças Armadas e a Polícia Militar iniciarem, na tarde de sexta, o cerco à favela —com parte dos agentes entrando na comunidade.

De acordo com o delegado, Rogério se sentiu “acuado” e “temeroso” em relação a possíveis confrontos com os militares. “Ele teve medo de morrer na mata e não ter chance de se entregar”, afirmou Thome.

O delegado da PF disse que agentes da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecen­tes da Polícia Federal), comandada por ele, chegaram a se posicionar nos arredores da Rocinha à espera da conclusão das negociaçõe­s. Ele afirmou que, caso os familiares do criminoso queiram retomar a negociação, a PF está à disposição.

Thome também confirmou que os interlocut­ores foram direto à PF, sem passar pela PM ou Polícia Civil.

O Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) esteve nesta segunda no Morro do Turano, no Rio Comprido, zona norte do Rio. O morro dá acesso à mata da floresta da Tijuca, que a polícia suspeita que criminosos envolvidos nos confrontos na Rocinha tenham utilizado como rota de fuga.

Na Rocinha, o Choque da Polícia Militar fazia operação e equipes das Forças Armadas continuava­m no local.

Na capital fluminense, pelo menos 5.923 alunos ficaram sem aula em razão das operações. Nenhuma das nove escolas da favela abriu nesta segunda-feira.

Rogério 157 está foragido, mas há pistas de que ele teria retornado à Rocinha no sábado (23), de acordo com a polícia. Um dia antes, na ocasião do cerco militar, ele havia fugido pela mata que circunda a comunidade.

O retorno do traficante ocorreu por volta das 4h de sábado, depois de integrante­s de sua facção sequestrar­em um táxi.

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