Folha de S.Paulo

‘Não morro de amor por esse título’, diz autor de ‘Malhação’

À frente da novela global desde maio, Cao Hamburger tirou trama da academia e levou para escolas paulistas

- GUSTAVO FIORATTI

Beijaço e balada cultural marcam comemoraçã­o do centésimo episódio da temporada, cujo tema é a diversidad­e

Vai ter beijaço na novela “Malhação”, que a Globo exibe diariament­e no fim da tarde. A cena vai ao ar na sexta e faz parte de três capítulos que comemoram o centésimo episódio de nova temporada assinada por Cao Hamburger.

Embora o capítulo cem já tenha sido exibido na segunda (15), a comemoraçã­o começou no episódio de quarta (27) e prossegue até sexta (29), com uma balada cultural organizada por alunos dos colégios onde a trama se passa (um público e um privado).

O clima da festa segue o tom do subtítulo, “Viva a Diferença”. “Vai ter homem com homem e mulher com mulher. E vai ter homem com mulher também”, garante o autor, com menção à música “Vale Tudo”, de Tim Maia.

Segundo ele, a balada cultural promovida pelos alunos inclui apresentaç­ões musicais, dança e poesia. O beijaço será no encerramen­to.

Hamburger foi buscar inspiração para esses capítulos na sua própria biografia.

Ele conta que estudou no colégio Equipe e que sua turma criava eventos independen­tes da grade curricular. Lembra ainda que o apresentad­or Serginho Groisman organizava shows (teve de Caetano Veloso a Gonzagão). “E nós ajudávamos, vendendo ingresso, por exemplo.”

No episódio desta quinta (28), outra surpresa: uma banda tocará uma canção que Nando Reis compôs aos 15 anos. “Eu tocava guitarra com ele na banca Os Camarões”, conta Hamburger.

Desde que o criador de “Castelo Rá-Tim-Bum” assumiu o roteiro da novela global, “Malhação” passou a enfocar alunos de duas escolas, colocando cinco amigas como protagonis­tas.

“Um dos temas que mais me interessam hoje é a educação, especialme­nte a pública. A classe média está encastelad­a em escolas particular­es de alto nível. São bolhas. Muitas mazelas que a gente está vendo hoje vêm desse apartheid”, diz.

O diagnóstic­o foi sendo construído com pesquisas, mas encontrou respaldo também nas conversas que Hamburger teve e ainda tem com sua filha, que tem 26 anos e é professora do ensino público. “Ela estudou no Vera Cruz: mais bolha impossível”, critica-se o autor.

Questionad­o sobre a permanênci­a do título “Malhação” em uma novela que já não se passa em academias, ele diz: “Não morro de amores por esse título, não”.

Segundo ele, quando convidado a assumir a trama, soube que a Globo estava estudando se continuari­a com o nome. “Disseram que a marca é forte entre jovens.” NA TV Malhação por volta das 17h50, após “Vale a Pena Ver de Novo”

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Foto Eduardo Knapp/Folhapress O diretor e autor Cao Hamburger em seu escritório na Vila Madalena, em São Paulo
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