Veja o que as crianças de São Paulo têm a dizer
Folha entrevista 26 crianças de 6 a 12 anos sobre temas da atualidade
Até o dia 12 de outubro, meninos e meninas vão refletir sobre assuntos do país e do exterior em uma série de entrevistas
Não é brincadeira. Absorver, processar e interpretar a avalanche de informações do mundo atual, numa era em que a notícia está por toda parte, é um desafio pra qualquer adulto. E como será para as crianças?
O que pensa do noticiário, como processa as notícias e a própria realidade, uma pessoa com identidade e repertório cultural em formação?
Essa curiosidade é o que move a série especial “Criança do Dia”, que a Folha publica até 12 de outubro, Dia das Crianças, em diferentes seções do jornal.
Ao ouvir com atenção o que as crianças têm a dizer, as entrevistas tentarão traçar um painel de parte da infância na cidade de São Paulo.
São longas conversas com estudantes de 6 a 12 anos, de escolas públicas e particulares. Foram entrevistadas 26 crianças de 19 unidades de todas as regiões da capital.
A escolha dos colégios buscou reproduzir aproximadamente a demografia e o perfil da rede de ensino do município. Como a rede pública concentra a maioria dos estudantes, foram 12 públicos e sete particulares.
Regiões mais populosas tiveramprimazia.Daszonasleste e sul, há 11 escolas. Quatro sãodazonanorteeoutrasquatro, do centro e zona oeste.
Antes das entrevistas e ensaios fotográficos, a reportagem visitou todas as escolas, participou de bate-papos com turmas e acompanhou aulas. Dos encontros, foram pré-selecionadas as crianças, com a ajuda dos educadores.
Os critérios foram o interesse dos alunos nos temas suscitados no bate-papo e a expressividade dos comentários. E, claro, a vontade de cada um de participar. Além da colaboração das escolas, as entrevistas foram autorizadas pelos responsáveis.
Os temas seguiram a temperatura do noticiário: reforma da Previdência, corrupção, cracolândia, crise de refugiados, cultura digital e Neymar são alguns dos assuntos sobre os quais eles refletiram e opinaram. Educação e a própria escola, onde ocorreram as entrevistas, abrem a série —leia ao lado.
Ascriançassósouberamdo tema na hora da entrevista. Antes, foram avisadas de que nãotinhamaobrigaçãoderesponderàsperguntasequepoderiam mudar o curso da conversa, o que algumas fizeram.
A ideia da série foi elaborada a partir de conversas com especialistas. Eles alertaram sobre cuidados, estratégias e pertinência de temas para cada idade.
Assim, decidiu-se, por exemplo, pelas visitas prévias às escolas. Se os entrevistados fossem escolhidos pelasescolas,comocogitadoinicialmente, “haveria os que escolheriam o aluno mais inteligente,comoriscodeumdiscurso para agradar o outro”, apontou o pedagogo e arteeducador José Cavalhero.
Segundo a psicóloga especializada em educação infantil Marisa Ferreira Vasconcelos, do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, as crianças têm muito a dizer, mas é interessante saber como elas elaboram as informações, “qual a lógica usada para compreender o que se passa”.
A psicopedagoga Maria Maluf pontua parte do desafio. “Hoje elas têm muito acesso à informação, mas também à desinformação”. VÍDEOS Tudo foi filmado e, a cada dia, haverá a publicação de breves vídeos. Uma edição especial em vídeo será publicada em 12 de outubro.