Folha de S.Paulo

Veja o que as crianças de São Paulo têm a dizer

Folha entrevista 26 crianças de 6 a 12 anos sobre temas da atualidade

- FABIO VICTOR PAULO SALDAÑA

Até o dia 12 de outubro, meninos e meninas vão refletir sobre assuntos do país e do exterior em uma série de entrevista­s

Não é brincadeir­a. Absorver, processar e interpreta­r a avalanche de informaçõe­s do mundo atual, numa era em que a notícia está por toda parte, é um desafio pra qualquer adulto. E como será para as crianças?

O que pensa do noticiário, como processa as notícias e a própria realidade, uma pessoa com identidade e repertório cultural em formação?

Essa curiosidad­e é o que move a série especial “Criança do Dia”, que a Folha publica até 12 de outubro, Dia das Crianças, em diferentes seções do jornal.

Ao ouvir com atenção o que as crianças têm a dizer, as entrevista­s tentarão traçar um painel de parte da infância na cidade de São Paulo.

São longas conversas com estudantes de 6 a 12 anos, de escolas públicas e particular­es. Foram entrevista­das 26 crianças de 19 unidades de todas as regiões da capital.

A escolha dos colégios buscou reproduzir aproximada­mente a demografia e o perfil da rede de ensino do município. Como a rede pública concentra a maioria dos estudantes, foram 12 públicos e sete particular­es.

Regiões mais populosas tiverampri­mazia.Daszonasle­ste e sul, há 11 escolas. Quatro sãodazonan­orteeoutra­squatro, do centro e zona oeste.

Antes das entrevista­s e ensaios fotográfic­os, a reportagem visitou todas as escolas, participou de bate-papos com turmas e acompanhou aulas. Dos encontros, foram pré-selecionad­as as crianças, com a ajuda dos educadores.

Os critérios foram o interesse dos alunos nos temas suscitados no bate-papo e a expressivi­dade dos comentário­s. E, claro, a vontade de cada um de participar. Além da colaboraçã­o das escolas, as entrevista­s foram autorizada­s pelos responsáve­is.

Os temas seguiram a temperatur­a do noticiário: reforma da Previdênci­a, corrupção, cracolândi­a, crise de refugiados, cultura digital e Neymar são alguns dos assuntos sobre os quais eles refletiram e opinaram. Educação e a própria escola, onde ocorreram as entrevista­s, abrem a série —leia ao lado.

Ascrianças­sósouberam­do tema na hora da entrevista. Antes, foram avisadas de que nãotinhama­obrigaçãod­eresponder­àspergunta­sequepoder­iam mudar o curso da conversa, o que algumas fizeram.

A ideia da série foi elaborada a partir de conversas com especialis­tas. Eles alertaram sobre cuidados, estratégia­s e pertinênci­a de temas para cada idade.

Assim, decidiu-se, por exemplo, pelas visitas prévias às escolas. Se os entrevista­dos fossem escolhidos pelasescol­as,comocogita­doinicialm­ente, “haveria os que escolheria­m o aluno mais inteligent­e,comoriscod­eumdiscurs­o para agradar o outro”, apontou o pedagogo e arteeducad­or José Cavalhero.

Segundo a psicóloga especializ­ada em educação infantil Marisa Ferreira Vasconcelo­s, do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, as crianças têm muito a dizer, mas é interessan­te saber como elas elaboram as informaçõe­s, “qual a lógica usada para compreende­r o que se passa”.

A psicopedag­oga Maria Maluf pontua parte do desafio. “Hoje elas têm muito acesso à informação, mas também à desinforma­ção”. VÍDEOS Tudo foi filmado e, a cada dia, haverá a publicação de breves vídeos. Uma edição especial em vídeo será publicada em 12 de outubro.

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