Folha de S.Paulo

Tucanos querem saída de mineiro da chefia da sigla

- BRUNO BOGHOSSIAN TALITA FERNANDES MARCELO COELHO

Dirigentes e parlamenta­res do PSDB vão cobrar a saída definitiva do senador Aécio Neves (MG) da presidênci­a do partido nas próximas semanas. Eles querem que o mineiro renuncie ao posto assim que o Senado concluir a votação sobre seu afastament­o.

Tucanos reivindica­m que Aécio deixe o cargo para tentar conter o desgaste sofrido pela sigla com as acusações de corrupção contra o senador. Para eles, a situação se agravou com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) mandando o mineiro ser afastado do cargo e cumprir recolhimen­to noturno em casa.

O movimento é encabeçado por integrante­s da ala paulista do PSDB, vinculados ao governador Geraldo Alckmin.

Eles acreditam que a permanênci­a de Aécio no posto, mesmo licenciado, é insustentá­vel e pode prejudicar as pretensões eleitorais de integrante­s da sigla em 2018 —inclusive a pré-candidatur­a de Alckmin ao Palácio do Planalto.

Em maio, quando foi afastado do mandato pela primeira vez pelo STF, Aécio se licenciou da presidênci­a do PSDB, exercida interiname­nte pelo senador Tasso Jereissati (CE). Apesar disso, o mineiro mantém influência sobre a sigla, em especial sobre parte da bancada na Câmara.

Nos últimos meses, Aécio ampliou sua interlocuç­ão com o presidente Michel Temer para evitar a deterioraç­ão do relacionam­ento entre o Planalto e o PSDB, que ameaçava abandonar o governo.

Tucanos discutiram a saída definitiva de Aécio da presidênci­a do PSDB em almoço nesta terça (3), no gabinete de Tasso. Segundo relatos, mesmo os principais aliados do mineiro concordara­m que o afastament­o é essencial para preservar o partido.

Caso Aécio renuncie, a direção do PSDB será obrigada a convocar uma reunião de cúpula para eleger um presidente. A tendência é que esse novo comando seja eleito para um mandato-tampão, até dezembro, quando haveria uma convenção nacional.

Alguns tucanos, porém, defendem que o presidente escolhido nessa eleição extraordin­ária comande o partido pelos próximos dois anos. Em qualquer cenário, o favorito para uma eleição convocada para as próximas semanas é o próprio Tasso Jereissati.

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Gerdan Wesley/PSDB O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati

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