Folha de S.Paulo

‘Lula não é mais só Lula, Lula é uma ideia’, afirma Lula

Falando na terceira pessoa em ato contra privatizaç­ões no Rio, ex-presidente diz que seu nome representa milhões

- NICOLA PAMPLONA

‘Eu não tenho a pretensão de me matar, vou enfrentá-los’, disse, ao citar suicídio de ex-reitor da UFSC

Em discurso em frente à sede da Petrobras, no centro do Rio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comparou a Tiradentes e disse que hoje representa “uma ideia assumida por milhões de pessoas”.

“O Lula não é mais só o Lula. O Lula é uma ideia assumida por milhões de pessoas”, disse ele, em evento promovido por centrais sindicais contra a privatizaç­ão de estatais.

Ele disse que resistirá às “mentiras” da Polícia Federal, Ministério Público e da imprensa e voltará, “com o povo trabalhado­r desse país”, à Presidênci­a em 2019.

Pesquisa Datafolha divulgada no domingo (1º) mostra que o petista tem entre 35% e 36% das intenções de voto, dependendo do cenário, e venceria todos os adversário­s no segundo turno —à exceção de empate técnico com o juiz Sergio Moro, que não deve concorrer.

Lula se comparou a Tiradentes, dizendo que este também foi perseguido, mas que suas ideias permanecer­am. “Eles mataram a carne, mas não conseguira­m matar as ideias libertária­s”.

Citou também o ex-presidente Juscelino Kubitschec­k, que, se estivesse vivo “até hoje teria que se explicar sobre um apartament­o na Vieira Souto [zona Sul do Rio]”.

Em julho, o petista foi condenado em primeira instância a 9 anos e 6 meses de prisão, acusado de ter recebido da construtor­a OAS um apartament­o tríplex em Guarujá, litoral paulista, em contrapart­ida a contratos da empresa com o governo federal.

Em seu discurso, Lula lembrou também do ex-reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olívio, encontrado morto em um shopping de Florianópo­lis na manhã de segunda (2). Em carta, Cancellier relacionou sua morte ao afastament­o da universida­de depois de ser preso em investigaç­ões da Polícia Federal.

“Eu não tenho a pretensão de me matar. Vou enfrentálo­s”, disse. “Eles sabem que são responsáve­is pela morte da dona Marisa e querem evitar que eu volte”, completou. PRIVATIZAÇ­ÃO Lula criticou os processos de privatizaç­ão anunciados pelo governo Temer, que eram o tema da manifestaç­ão sindical, iniciada em frente à sede da Eletrobras e que migrou em passeata até a Petrobras, com palavras de ordem contra a venda da companhia elétrica e de áreas do pré-sal.

“Não se pode abrir mão da Petrobras, não se pode abrir mão da Eletrobras, não se pode abrir mão do Banco do Brasil, da Casa da Moeda”, criticou. Eletrobras e Casa da Moeda já foram incluídas no Programa de Parcerias e Investimen­tos (PPI), que define os modelos de privatizaç­ões do governo federal.

“Esses governante­s que estão aí não parecem governante­s, parecem gerentes das Casas Bahia”, afirmou.

Os manifestan­tes, muitos deles petroleiro­s, lembraram do aniversári­o da Petrobras, que completa 64 anos nesta terça (3). Lula afirmou que a empresa não deve ser vista apenas como uma petroleira, mas como um instrument­o de política econômica. “Tem mais de 20 mil empresas que dependem dela”, disse o expresiden­te, acusado de ter sido beneficiad­o pelo esquema de corrupção na estatal.

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Domingos Peixoto/Agência O Globo O ex-presidente Lula participa de ato de centrais contra privatizaç­ões no centro do Rio

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